sexta-feira, agosto 27, 2010

Shoot'em Up

Sugestão Azul: Shoot'em Up ["Mandando Bala"] ! Pura diversão com cenas antológicas, muita bala e adrenalina, e claro, muito humor e cenouras !

Reúna os marmanjões azuis em sua sala com muita pipoca & guaraná e se deixe levar pelo mal humorado Clive Owen e a m-a-r-a-v-i-l-h-o-s-a Monica Bellucci ! Destaque ainda para o sempre competente Paul Giamatti ! Precisa mais ?



Shoot'em Up

Mandando Bala, 2007 [New Line Cinema]

"You know what I hate?" ["Sabe o que eu odeio ?" - Mr. Smith]

"Why is a gun better than a wife? Because you can put a silencer on a gun." ["Por que uma arma é melhor do que uma esposa ? Porque você pode colocar um silenciador em uma arma." - Mr. Hertz]



Galera BDista, parece meio óbvia a principal razão que me fez eleger esta bolacha azul para exercitar o ato de escrever e entreter. Esta razão se chama Monica Bellucci ! Espero que não haja vozes discordantes sobre a presença impactante desta deusa italiana que transforma este filme de ação em algo inesquecível ! Cenas antológicas de muito bom gosto e sensualidade fazem da transa com o personagem de Clive Owen um momento marcante que povoará a mente de muitos taradinhos desvairados azuis ! Para as meninas Na'vi a presença do viril e divertido Clive Owen é uma compensação sem tamanho ! E no meio disto tudo está o brilhante e cada vez mais notório Paul Giamatti que engrandece o seu personagem com uma densidade cômica que dificilmente nos esqueceremos !

Outro importante motivo, embora bem secundário, é a maneira astuciosa com que o escritor e diretor Michael Davis [Monster Man, 2003] conduz, em tom de paródia, repleto de bom humor e grandes sacadas, o enredo, a princípio banal, com muito ritmo e fluidez. Os diálogos são muito bem elaborados, rápidos e furiosos ! Possuem uma verve e tem a sabedoria de não levar a estória, tão inverossímil, a sério ! Sem estes cuidados, o filme seria um exageradésimo exercício de ação infindável onde a chuvarada de balas só é comparável às estrelas "shurikens" de seu par Ninja Assassino [2009, James McTeigue] ou os filmes estrelados pelos eternos mercenários brucutus Stallone, Statham & Cia. ou mesmo o exterminador Schwarzenegger !

"You are the angriest man in the world!" ["Você é o mais raivoso homem do mundo !" - DQ]



Logo de partida estamos na companhia de Mr. Smith [excelente Clive Owen, Duplicity, 2009], solitário, em uma noite qualquer, sentado em um banco próximo a uma parada de ônibus. Deserto, silencioso e escuro. Repentinamente corre à sua frente uma grávida arfante e desesperada perseguida por um homem com cara de poucos amigos exibindo a sua arma, orgulhoso. Relutantemente e com certo enfado, levanta-se e vai atrás da dupla em correria. Dentro de uma fábrica abandonada mata o perseguidor, faz o trabalho de parto em meio a um inacreditável tiroteio e salva o bebê recém nascido do verdadeiro "bad guy", o líder da gangue, Mr. Hertz [o grande Paul Giamatti, Sideways, 2004]. Assim como Mr. Smith todos acreditamos inicialmente que a razão da perseguição é a jovem mãe ensandecida. A sequência inicial já mostra em sua plenitude o significado do título, bem como o tom com que o enredo levará o espectador assustado até o final desta aventura azul ! A cena do parto é divertidíssima... não entendemos a razão da perseguição, a presença de uma portentosa cenoura [vegetal preferido do personagem Mr. Smith ! hilário...], uma grávida ao acaso e um bando de meliantes armados até os dentes atirando mais do que durante o desembarque da Normandia [Leia O Resgate do Soldado Ryan [1998, Steven Spielberg]].

"I don't understand a word you're going on about, but I know exactly what you're saying and I refuse to apologize." [Não entendo uma palavra do que está rolando, mas sei exatamente o que está dizendo e me recuso a pedir desculpas. - Mr. Smith]



Após a carnificina inicial encontramos Mr. Smith tomando conta desajeitadamente de seu novo companheiro. Tenta abandoná-lo, mas é convencido que o pobre bebê é, na verdade e desde o início, alvo do malévolo Mr. Hertz [nome anedota !]. Neste momento entra em cena a prostituta Donna Quintano, DQ [deliciosa Monica Bellucci, Malèna, 2000], que acabara de perder o seu filho e foi convocada para amamentar e cuidar do baby Oliver ! Em um quarto improvável, DQ aparece em roupas e com atitudes de fazer qualquer barbudo lamber a maçaneta ! As sequências que ali se passam entre o trio principal é de tirar o fôlego e prender a atenção de qualquer espectador.

"[after coming across a room full of semen samples] Watch where you step. The ice cream is melting" [após atravessar uma sala cheio de amostras de sêmem - "Cuidado com os seus passos. O sorvete está derretendo." - Mr. Smith]

"What ?" ["O quê ?" - DQ]

"I thought donor sperm was your department" ["Pensei que doadores de esperma fosse o seu departamento." - Mr. Smith]



Com a dupla de protetores formada e agora em fuga com o pequeno Oliver a trama é acelerada através de situações extremas pontuadas por cenas sensuais entre os protagonistas e os encontros frenéticos e inevitáveis entre mocinhos charmosos e bandidos cruéis, suportados por um argumento pouco convincente e linear. Reparem no mal humor de Mr. Smith, que é inflamado ao extremo ao se deparar com tipos irritantes e desprezíveis, que encontramos em nossa vida rotineira e que, infelizmente, não podemos exterminá-los ! Através do porta voz Mr. Smith ficamos sabendo o que irrita sobremaneira o diretor Davis.

DQ é responsável pelas observações mais desconcertantes do filme e ouví-la reclamando em italiano não tem preço ! A química entre Owen e Bellucci é das mais intensas e é responsável pela atração que a película exerce. O lado inusitado do vilão Mr Hertz fica por conta das ligações recebidas de sua distante esposa pelo celular nos momentos mais críticos da trama.... um achado do despretensioso Michael Davis.



A ação é tão frenética e caricata que não nos causa náusea ou enfado, e sim, muita diversão pelas situações absurdas resolvidas de forma criativa e inesperada. A irritação frequente de Mr. Smith só faz frente ao desequilíbrio de Mr. Hertz, aplacada somente pelo dueto harmonioso dos olhos profundos e a boca fumegante de DQ. Atentem para detalhes como fraldas improvisadas, colete à prova de bala, meia como gorro e, a incrível cena do parquinho infantil. Shoot'em Up não será lembrado como filme cabeça, clássico de ação, ou mesmo por atuações comoventes e inigualáveis ! Se propõe a ser um filme de entretenimento puro, inventivo, bem humorado e acima de tudo, divertido. E, meus amigos azuis, cumpre com maestria esta proposta ! Confira...

"What I really hate, is a pussy with a gun in his hand." ["O que eu realmente odeio, é uma bicha com uma arma na mão." - Mr. Smith]



A direção segura e envolvente de Michael Davis é muito superior às suas habilidades como escritor, pois a trama, se é que existe, é de uma primitivismo canhestro. Entretanto, é superado por inacreditáveis cenas de ação com tiroteios infernais em locais inusitados, perseguições de carro e um humor ácido contundente através de diálogos inteligentes. A interpretação equilibrada e harmoniosa do trio de protagonistas torna o filme a um candidato "cult".



Algumas curiosidades sobre o filme: em números - foram utilizadas quase 60 litros de sangue falso nas cenas de ação durante 86 minutos de filme. A pilha de mortos que permeia a trajetória de Mr. Smith totaliza 106 ! Mais de 200 armas diferentes foram usadas, algumas especialmente concebidas para o filme. As filmagens duraram próximo de 55 dias. Somente Mr. Smith faz uso de 18 armas de fogo, a primeira delas, uma Walther PPK [arma predileta de James Bond], referência a uma opção considerada pela produção de 007, no caso, Clive Owen. Uma das regras determinada pelo diretor é que não haveriam explosões. O filme deveria estar centrado em tiros de armas de fogo. Há muitas referências no filme aos desenhos da Warner. Mr. Smith com as suas incontáveis cenouras mais parece o Pernalonga caçado incansavelmente pelo Hortelino [Mr. Hertz]. Aliás, reparem na semelhança entre o Paul Giamatti e o personagem animado ao longo da trama. É hilário quando toca o celular de Mr. Hertz, simplesmente a Cavalgada das Valquírias de Richard Wagner.

"[after ramming a carrot through the back of a killer's head] Eat your vegetables." [depois de enfiar uma cenoura até o fundo da cabeça do assassino - "Coma os seus vegetais." - Mr. Smith]



A edição aqui analisada é uma bela marmita alemã com acabamento impecável e fotos estampadas expressivas na frente e no verso. Internamente mais fotos coloridas estampadas exibindo a qualidade germânica quando se dispõe a caprichar. Bolacha azul única, região B e sem legendas em português [grrrr...]. Apesar destas limitações recomendo a edição para futura "Gambiarra Edition", onde se substitui a bolacha original por uma com áudio e legendas na nossa maravilhosa língua pátria !

"oh, you have caused me no end of trouble!" ["Você tem me causado problemas sem fim !" - Mr. Hertz]



Taradinhos azuis, apesar de não possuir legendas Pt-Br e coisa e tal, a imagem deste blu-ray é de excelente qualidade ! Um exemplo do que a resolução em hidef / 1080p pode fazer em sua sala de estar ou dedicada ao seu home theater. Tudo está lá, bem definido, cores intencionalmente explosivas [saturadas] e firmes com detalhes impressionantes e que dão um tom surrealista à estória absurda e fantástica. Toda a combinação de cores é muito "quente" em consonância com a proposta do diretor Michael Davis, exemplarmente cumprido pelo cinematórgrafo Peter Pau [vencedor do Oscar por Crouching Tiger, Hidden Dragon, 2000]. Pretos majestosos ressaltando as cenas noturnas com maestria e profundidade. Para o caçador de grãos em películas, há uma agradável surpresa: estão lá, ainda que minimamente, e complementam a imagem magnífica da bolacha azul. É um belo exemplo de como os famigerados grãos podem conviver pacificamente em um disco de alta resolução. Recomendo !

Poster do Filme:


Um filme de ação deste calibre não poderia de forma alguma nos decepcionar com o áudio ! E não decepciona mesmo ! É simplesmente fantástico ! Não vai parar de exigir de suas caixas trabalho intensivo e contínuo durante todo o filme. Tudo isso embalado em DTS-HD MA 7.1 que fará com que você participe intensamente dos insanos tiroteios, queira dialogar com os personagens, sentir nas veias a adrenalina pulsando e, perturbar-se com a respiração ofegante de DQ durante as cenas mais sensuais ! Um verdadeiro delírio compartilhado pelas surrounds e o trio de caixas principais. Pura referência ! Encha a sala de visitas e aproveite ao máximo com muita pipoca, guaraná & cenouras !



Resumindo: apesar de não contarmos até o presente momento de uma bolacha azul com áudio e legendas em português, não podemos nos privar desta divertida produção ! Muita ação, beijos e caretas com Monica Bellucci, Clive Owen e Paul Giamatti ! Precisa mais ?

Avaliação:
. Estória: 3/5
. Imagem: 5/5
. Áudio: 5/5
. Edição: 4/5

Ficha Técnica: Shoot'em Up (Blu-ray) (Steelbook Limited Edition) (German Version)
. Vídeo
Video codec: VC-1
Video resolution: 1080p
Aspect ratio: 2.35:1
Original aspect ratio: 2.39:1
Data de Lançamento BD: 02.10.2008

. Áudio
Inglês: DTS-HD MA 7.1 / Alemão: DTS-HD MA 5.1

. Legendas:
Inglês para Deficiente Auditivo, Alemão para Deficiente Auditivo
. Disco:
Capacidade: 50GB Blu-ray Disc (1 BD)
Região: B
Duração: 86 minutos

. Extras:
Enhanced visual commentary (PIP)/ Audio commentary by director and writer Michael Davis / Unused scenes with optional audio commentary by director Michael Davis / "Ballet of Bullets - Making Of" Shoot'Em up " / The original animatics, directed by Michael Davis / U.S. Trailer / TV Trailer Remix / Red Band Trailer

Fotos da Edição:











terça-feira, agosto 24, 2010

Edge of Darkness

Sugestão Azul: Edge of Darkness ! O retorno de Mel Gibson em atuação impecável !

Batizado pelo imaginário verde-amarelo de "O Fim da Escuridão", marmita australiana traz Mel Gibson, após oito anos por trás das câmeras, atuando como um vingativo policial a procura do assassino de sua filha !



Edge of Darkness

O Fim da Escuridão, 2010 [Icon Home Entertainment]

"Some secrets take us to the edge. Few escape justice. None escape vengeance" ["Alguns segredos nos levam ao limite. Poucos escapam da justiça. Ninguém escapa da vingança"]



Bueno, falar sobre Edge of Darkness é falar sobre Mel Gibson [1956- ] ! Não há como fugir ao fato de que o grande apelo para assistir esta película está na figura deste ator / diretor, por nós tão bem conhecido e que se assemelha a um amigo ou a um parente querido. É verdade que andava meio sumido de nossas telas [grandes ou pequenas] desde 2002 [Signs, M. Night Shyamalan] para atuar por trás das câmeras em sua prodigiosa carreira como diretor de filmes como The Passion of the Christ [2004] e Apocalypto [2006]. E a sua volta não poderia ser diferente da pele de um cara durão e que leva às últimas consequências para conseguir o seu intento, seja de forma acertada ou errada. Como policial, papel consagrado pelo ator [quem consegue esquecer Martin Riggs da série Lethal Weapon ?], estrela esta produção do diretor Martin Campbell [o mesmo diretor do fantástico Casino Royale, 2006].

"It isn't what it is, Tommy. It is never what it is. It is what it can be made to look like" ["Não é o que é, Tommy. Nunca é o que é. É o que pode parecer que é" - Bill Whitehouse]



Encontramos o veterano investigador de homicídios do Departamento de Polícia de Boston, Thomas Craven [Mel Gibson], nas cenas iniciais do filme e ficamos sabendo através de generosos "flashbacks" e vídeos domésticos, ser pai de uma doce garotinha, Emma [Bojana Novakovic, Drag Me to Hell, 2009], que no presente está bem crescidinha e aos 24 aninhos se tornou uma estagiária de uma grande corporação americana após se formar no famoso MIT [Massachussetts Institute of Technology]. Durante as férias vai ao encontro da casa paterna para uma pausa como qualquer filha que leva vida independente. Durante o encontro percebemos que há algo de errado com Emma, mas somos distraídos por momentos afetivos entre pai e filha e cenas domésticas comuns. Até que somos violentamente supreendidos pelo seu brutal assassinato, enquanto saía de casa ao lado do pai. Juntamente com Thomas Craven somos levados a crer que o alvo era endereçado ao investigador e não à sua mimosa filha. Daí em diante a trama, linear e convencional, conduz à vingança de um pai atormentado pela morte de sua única filha. E, é claro, que nem tudo é o que parece, e que de coisas simples, os filmes passam a quilômetros de distância. Caso contrário não seriam filmes ! Enquanto Thomas Craven se envolve mais e mais no mistério da morte da filha, mais envolvidos e entretidos ficamos neste "thriller" policial que nos remete a grandes filmes do gênero das décadas passadas. Através de sua dor e de investigações obssessivas vamos desvendando a vida secreta de sua filha e o envolvimento com uma grande conspiração [coisa típica americana !] diretamente ligada à segurança nacional e assuntos governamentais.

"Everything's illegal in Massachusetts." ["Tudo é ilegal em Massachusetts." - Thomas Craven]



A trama é suficientemente engenhosa para manter o taradinhos azul colado em sua poltrona com o olhar grudado na tela conjecturando o tempo todo e tentando adivinhar a próxima sequência do filme. O diferencial está na atuação de Mel Gibson que interpreta um policial maduro [bom, ele mesmo já bem madurão...], que mesmo angustiado, constrói um personagem contido e controlado. O antônimo de Martin Riggs ! Nos extras [bem legais !] vemos um Mel Gibson de bem com a vida, se divertindo muito durante as filmagens, brincando o tempo todo com os demais atores e membros da equipe técnica. O seu retorno foi devidamente comemorado e o clima das filmagens reflete este momento. Além de Gibson, o destaque maior fica para o veterano ator Ray Winstone [The Departed, 2006], que dá vida ao intrigante Darius Jedburgh. Jedburgh, como ele mesmo se define, pertence a uma agência governamental de um membro só. É encarregado de "resolver problemas" ou "tornar a situação incomprensível", de forma que ninguém consiga unir o ponto "A" ao ponto "B". É chamado para "limpar a bagunça" e para isso possui suficiente poder para atuar como juiz, júri e, se necessário, carrasco ! Preste atenção nos diálogos refinados e inteligentes entre Craven e Jedburgh ! Uma aula de escrita e interpretação. É o que alinhava a trama e mantém o interesse no desenrolar dos fatos com a análise das escolhas feitas por ambos, o duelo com meias palavras e sutilezas, tudo apimentado por uma atuação conjunta memorável. Jedburgh é um tipo marcante e forte [diria até mesmo "cool"], que certamente fará parte do imaginário de personagens perenes do mundo cinematográfico. Fico de pé e tiro o meu chapéu para Ray Winstone / Darius Jedburgh !

"You know, Bill, no one expects you to be perfect. But there's just a few basic things you gotta get right. Always do the best you can by your family. Go to work every day. Always speak your mind. Never hurt anyone that doesn't deserve it... & never take anything from the bad guys." ["Você sabe, Bill, ninguém espera que você seja perfeito. Mas há algumas coisas básicas que você tem que acertar. Sempre faça o melhor pela sua família. Trabalhe todos os dias. Sempre fale a verdade. Nunca machuque alguém que não mereça..... e nunca receba qualquer coisa dos bandidos." - Thomas Craven]



Outra participação importante é a do sempre competente Danny Huston [o coronel Striker X-Men Origins: Wolverine, 2009] como o CEO da corporação de pesquisa e desenvolvimento Northmoor, ligado ao governo americano. Seu personagem, Jack Bennett, tem importância capital no desenrolar do filme, e o ator tem espaço para mostrar a sua versatilidade. A atriz sérvia Bojana Novakovic interpreta Emma Craven de forma convincente e surpreendentemente segura contribuindo para a veracidade da trama.

Ese filme é uma adaptação para as grandes telas da premiada mini-série inglesa Edge of Darkness [1985] de seis capítulos com duração total de cinco horas, estrondoso sucesso de público, escrito por Troy Kennedy-Martin [1932-2009] e dirigido pelo mesmo Martin Campbell. Na época a série tinha como objetivo mostrar as grandes corporações maquiavélicas acobertadas pelo governo inglês de suas intenções secretas e criminosas. O jogo de gato e rato se resumia em descobrir e comprovar o jogo nuclear, tornando-o público. O envolvimento de grupos ativistas, conspiradores internacionais, a elitização global e o caro preço a pagar pelos contribuintes alheios e inocentes. Em tempos de guerra fria já antecipava o lado negro da globalização e a angústia americana de arquivos secretos [X Files, Chris Carter, 1993-2002] e de como o governo resolve as suas questões internas e problemas mediáticos. Época de Margareth Tatcher e o seu espelho americano, Ronald Reagan, no auge da paranóia nuclear.

"Well you had better decide whether you're hanging on the cross or banging in the nails."> ["É melhor você decidir se vai ficar na cruz.... ou bater os pregos." - Thomas Craven]

Série BBC [1985]


Martin Campbell em seu depoimento [extras bem produzidos, informativos e divertidos !] nos fala do desafio desta refilmagem com priorização do foco na relação pai e filha, seguindo os passos do trauma, recomposição psicológica, investigação e vingança empregado por Thomas Craven, cuja consciência dialoga com aparições de Emma no decorrer do filme. Os roteiristas William Monahan [Body of Lies ,2008] e Andrew Bovell [The Book of Revelation , 2006] homenageam o dramaturgo escocês Troy Kennedy-Martin [Red Dust,2004], roteirista da série original. O jogo corporativo e governamental segue em segundo plano, de forma paralela, contrapondo o instigante Jedburgh, responsável pelo entrelaçamento entre os dois planos, esclarecendo e seduzindo o espectador azul. Tudo bem amarrado em um cenário esplendoroso em Boston. Como não poderia ser diferente, o filme de aproximadamente duas horas é mais enxuto e focado, se comparado com a mini-série. Além de ter sido atualizado para os dias de uma América de Obama. Por tudo isso, os detratores do filme clamam pela perda do impacto nas relações secretas corporativas com laços mal explicados com agências governamentais em pró de um filme mais centrado na ação policial. Um compromisso, sem dúvida alguma, mas com resultados acima da média. Bom entretenimento em um veículo que trás de volta às telonas um grande Mel Gibson.



Algumas curiosidades sobre o filme: O senador americano de Boston, Jim Pine [Damian Young, Sex and the City, 2008] é retratado como um republicano. Até a recente eleição para preencher a vaga do falecido Edward Kennedy, não houve um republicano no senado americano pelo estado de Massachusetts em mais de três décadas. O papel de Jedburgh estava destinado a Robert de Niro, que acabou desistindo por diferenças criativas com a produção. O nome do personagem, Jedburgh, é uma referência a uma operação com paraquedistas na França ocupada realizada durante a segunda grande guerra. Todos os membros desta operação foram capturados, torturados e mortos pelos alemães. A música tema do filme, Say My Name foi composta pelo casal Mel Gibson & Oksana Grigorieva. Performance de Grigorieva [a conferir].

"Well, we all know what the facts are. We live a while and then we die sooner than we planned." ["Bem, todos nós sabemos quais são os fatos. Vivemos por um tempo e então, morremos mais cedo que planejamos" - Jedburgh]



A edição australiana da bolacha azul analisada, disponibilizada no mercado há pouco menos de dois meses, veio dentro de uma marmita fantástica com o título em baixo relevo e vermelho, estampa fosca nas duas faces da lata, uma espécie de luva com os dados técnicos da película e ainda, aquilo que todo bom marmiteiro preza, arte interna ! A bolacha azul também possui estampa. Tudo certo, bonito, a menos da ausência de legendas e áudio verde amarelo, azul anil !

"I don't know what it means to have lost a child, but I know what it means never to have had one." ["Não sei o que significa perder um filho, mas sei o que significa não ter tido um." - Jedburgh]

"Yeah, got nobody left to bury you." ["Yeah, não ter ninguém para enterrá-lo." - Thomas Craven]



A imagem desta edição azul não é impactante, fora de série ou que provocará espanto aos taradinhos azuis. É uma imagem 1080p correta e como qualquer blu-ray deve ser: límpida, com contrastes bem definidos, cores firmes, preto vigoroso e tonalidades reais. Não há malabarismos, o que na minha opinião é um ponto positivo. As cenas são de uma metrópole, com externas que valorizam o céu, rio, árvores e construções urbanas. As cenas internas, no interior da casa de Thomas Craven, são bastante fiéis destacando a textura dos materiais, a iluminação cuidadosa. Um prato cheio oferecido pelo diretor de fotografia Phil Meheux [Casino Royale, 2006] para que Campbell pudesse imprimir a suas intenções neste "thriller" policial. Para os chatões altamente treinados na "arte de ver o grão" encontrarão o objeto de desejo de leve nesta película.

Poster do Filme:


A trilha original do filme é assinada por Howard Shore [The Lord of The Rings, 2001-03], um mestre que é responsável por conduzir o espectador azul ao longo da odisséia de Thomas Craven. De vez em quando soa um pouco grandioso demais, mas dá o tom da dramaticidade nos momentos críticos da estória realçando o estado emocional dos principais personagens. Tudo empacotado em um correto DTS-HD Master Audio 5.1 que lhe proporcionará muitos sustos com direito a tiros únicos e impressionantes [assustadores, diria eu ! Prestem atenção no assassinato de Emma !], helicópteros, perseguições e lutas. Outro episódio digno de nota é o "acidente" da personagem Melissa [Caterina Scorsone, Série Crash, 2008-09]. É de tirar o fôlego ! Os diálogos são claros e frescos, tudo corretíssimo. O áudio deste filme certamente não deixará o seu Home Theater na mão !



Resumindo: esta bolacha azul nesta edição é digna de coleção ! E se o taradinho azul não necessitar de legendas em português, é simplesmente perfeito. Entretenimento de verdade para reunir toda a família, sem restrição, e brindar a volta de Mel Gibson !

Avaliação:
. Estória: 3.5/5
. Imagem: 4/5
. Áudio: 4.5/5
. Edição: 4.5/5

Ficha Técnica: Edge of Darkness (Blu-ray) (Steelbook Limited Edition) (Australian Version)
. Vídeo
Video codec: VC-1
Video resolution: 1080p
Aspect ratio: 2.40:1
Original aspect ratio: 2.39:1
Data de Lançamento BD: 07.07.2010

. Áudio
Inglês: DTS-HD Master Audio 5.1 / Dolby Digital TrueHD 5.1

. Legendas:
Inglês, Inglês para Deficiente Auditivo
. Disco:
Capacidade: 50GB Blu-ray Disc (1 BD)
Região: ABC
Duração: 117 minutos

. Extras:
Deleted scenes / Revisiting the Edge of Darkness mini-series / Mel's Back / Director Profile - Martin Campbell / Boston as a character / Edge of your seat

Fotos da Edição:















terça-feira, agosto 17, 2010

Ninja Assassin

Sugestão Azul: Ninja Assassin! Versão irretocável agora em High Definition !

Estava faltando um digno representante das artes marciais em bolacha azul. Não falta mais ! Ninja Assassino traz o astro Rain com coreografias alucinantes do mundo das sombras !



Ninja Assassin

Ninja Assassino, 2009 [Warner Home Video]

"Fear not the weapon but the hand that wields it." ["Não tema a arma, mas a mão que a empunha."]



Filmes de artes marciais sempre trouxeram grande fascínio do oriente. Guerreiros de olhos rasgados, letais, imbuídos de tenacidade e disciplina, usando as mais diversas e estranhas armas. Vêm se matando há decadas, primeiramente com produções de Hong Kong de baixo custo, onde a pancadaria geral é em sua maioria motivada pelo mais nobre sentimento de vingança. Foi largamente consumido em seus países de origem [Japão, Coréia, China e Hong Kong] tornando-se um gênero de grande apelo popular. Com uma formatação mais elaborada foi levado ao inesquecível pelo seu ícone maior, Bruce Lee [1940-1973] e seus clássicos filmes [entre outros Fist of Fury, 1972] até explodir no mercado mundial com Enter the Dragon [1973]. O gênero foi assimilado no ocidente com uma velocidade vertiginosa devido a simetria com filmes do velho oeste e a mística do caubói americano. Desde então vem abrindo portas sucessivas para estrelas como Jackie Chan, Jet Li entre outros. Recentemente sofreu uma nova onda de inovação com filmes de uma plasticidade e uma beleza indescritível, do vestuário ao cenário, além de danças e lutas coreografadas sem precedentes na história do cinema. Foi inaugurada por Crouching Tiger, Hidden Dragon [Ang Lee, 2000] e seguido por Hero [Yimou Zhang,2004] e House of Flying Daggers [Yimou Zhang,2004]. Com tantos exemplares de filmes bem sucedidos de público e crítica alguém poderia supor que este filão estivesse prestes a se esgotar. A exemplo do seu par ocidental, os filmes do velho oeste, são continuamente revigorados. Exemplos brilhantes como Unforgiven [Clint Eastwood, 1992] e a refilmagem 3:10 to Yuma [James Mangold, 2007] continuam a nos fascinar com justiceiros implacáveis, pistoleiros cruéis e mocinhas sensíveis.

"Weakness compels strength, betrayer begets blood; this is the Law of the Nine Clans." ["Fraqueza obriga a força, o traidor gera sangue; esta é a Lei dos Nove Clãs." - Ozunu]



Em 2009 o diretor James McTeigue [do excelente V for Vendetta, 2006] e os produtores Wachowskis [The Matrix, 1999] resolveram trazer o gênero à tona, muito mais ligado aos filmes tradicionais de Hong Kong do que as produções hollywoodianas recentes. A estória é de uma simplicidade e candura infantil, e se fosse ilustrada em quadrinhos, retirando as cenas de ação, poderia preencher no máximo algumas páginas. Os roteiristas Matthew Sand e J. Michael Straczynski não tiveram muito trabalho para redigir os diálogos e em aprofundar os personagens da trama. Raizo [Rain, Speed Racer, 2008] é um garoto órfão de rua que é acolhido pelo Clã Ozunu. Assim como dezenas de outros garotos e garotas, desde a mais tenra idade é treinado incasavelmente nas artes marciais tendo como princípios a lealdade e a total devoção ao clã. Aos poucos se transforma em uma arma letal pronto para executar as tarefas designadas pelo líder Ozunu [Shô Kosugi, Drug Connection, 1993): assassinar líderes políticos e outros alvos através de pagamentos substanciais. Ou seja, atuar como assassino de aluguel !

Entretanto, Raizo dá as costas ao clã desertando de suas funções, quebrando a devoção e a lealdade. É perseguido desde então, implacavelmente, pelos assassinos "irmãos". Acaba cruzando com o caminho da investigadora Mika Coretti [Naomie Harris, Street Kings, 2008] da Europol, que contrariando o seu chefe Ryan Maslow [Ben Miles, Speed Racer, 2008], através de suas pesquisas e espertas conexões de fatos históricos, acredita na existência de um grupo de ninjas exterminadores mercenários. Desacreditada por seus colegas, pois para eles ninjas não passam de mitos fantasiosos, passa a ser perseguida subitamente após aprofundar as suas investigações. Juntos irão enfrentar toda a sorte de situações, desde perseguições de carros nas ruas de Berlin até uma infinidade de lutas mortais com direito a todas as armas e golpes imagináveis dentro do gênero. O maior oponente de Raizo é o seu "irmão" Takeshi [Rick Yune, o Zhao de Die Another Day, 2002], o ninja mais hábil e astucioso do clã, com quem terá contas a acertar até o final do enredo.

"Its going to take more than a knitting needle to fuck me up boy!" ["Vai precisar mais do que uma agulha de tricô para me matar garoto !" - Chefão Mafioso]



Nesta película não espere balés melífluos em bambus, cenários pitorescos com cores saturadas, roupas exóticas de seda, ou mesmo romances impossíveis. É pancadaria estilosa do início ao fim com direito a diversidade de locais e cenários: um contra um, um contra muitos, um contra dezenas ! Tudo muito bem feito e com o sangue jorrando em profusão, estética exagerada e cultuada por Tarantino em Kill BIll Vol. 1 & 2 [2003-2004]. Membros dilacerados, cabeças cortadas e abdomens abertos causam um impacto inicial extasiante. Mas, a exemplo de filmes pornôs, principalmente os sem estorinhas, causa um certo enfado na segunda metade do filme. Este é um filme para os fãs do gênero ! Não convide a sua mãe, esposa ou namorada para compartilhar o seu sofá e assistir a esta bolacha azul, pois não fará muito sucesso...

"Cut him, failure must be sewn in blood." ["Corte-o, o fracasso deve ser costurado em sangue." - Ozunu]



A produção esmerada dos irmãos Wachowskis, orçamento modesto de 50 milhões de Obamas e com uma estréia privilegiada pela Warner Bros. no final de semana de Ação de Graças americano só é explicada pela expectativa criada nos seguidores da trilogia Matrix [1999-2003]. A honestidade da proposta do filme é tocante, pois se trata de um filme de ação de artes marciais. Nada mais ! Lembra muito 300 [Zack Snyder, 2006] nos quesitos estética e estória. Quem comprar esta bolacha azul saberá exatamente o que esperar, ou o que não esperar: não há mensagens filosóficas, não é polêmico, não causa qualquer tipo de curtocicuito cerebral, não deixará marcas profundas ou provocará insônia ! E muito menos dependência...

O grande despontamento fica por conta da abordagem temática, pois esperava-se inovações dos irmãozinhos taradinhos, pois Ninjas [gurreiros da sombra], por si só já são fascinantes, misteriosos e enigmáticos. Vindos do longínquo Japão feudal, mestres na arte de desaparecer e do disfarce, usam todo tipo de veneno mortal, explosivos estonteantes e um arsenal de armas inimaginável e com isso já possuem platéia cativa, seja no cinema, na TV ou na literatura. Mas, infelizmente a expectativa vai aos poucos se desmoronando... Algumas coisas incomodam mais, ninjas japoneses falando inglês, o excesso de sangue em CGI, a falta de expressividade dos atores... Rain recitando: "You have a special heart !" [Você tem um coração especial !]. E mais, o diretor James McTeigue abusa de cortes abruptos nas cenas de luta tornando muitas vezes incompreensíveis. Tudo é muito rápido e entrecortado [até mesmo para os ninjas !], em ritmo alucinante de vídeo clip, prejudicando a leitura das imagens. Penso que com tomadas mais longas as coreografias complexas das lutas seriam muito mais valorizadas. Um desperdício...



O filme todo é um trampolim para superastro coreano Rain, nascido Jeong Ji-Hoon [1982- ], cantor, ator e dançarino de grande expressão popular em seu país natal e que fez a sua estréia em Speed Racer [2008, dos mesmos irmãos Wachowskis]. É digno de nota o sucesso alcançado nos países asiáticos [e também no Brasil] do seu personagem Lee Yeong-jae na novela Full House. Outro ator importante no cenário cinematográfico oriental, especificamente de ninjas, é o experiente e lendário Shô Kosugi, contraponto do mal com atuação convincente e segurando o roteiro com os dentes. A mocinha, Naomi Harris, tem mais espaço nesta produção, mas não ajuda muito, faz o que pode, gritando muito e exibindo uma incredulidade excessiva na maioria das tomadas. Sua impactante atuação como Tia Dalma nos dois últimos filmes da franquia Pirates of the Caribbean [Gore Verbinski, 2006-07] ainda deixa saudades !



Algumas curiosidades sobre o filme: Através dos extras ficamos sabendo que o astro Rain não tinha qualquer experiência ou conhecimento prévio de artes marciais. Submeteu-se a um treinamento duríssimo de seis horas diárias durante seis meses. As imagens que mostram a transformação do corpo do ator são impressionantes. Os responsáveis pela preparação, entre dublês de ação e coreógrafos de lutas, destacam-se Chad Stahelski, Peng Zhang, Jon Valera e Jonathan Eusebio. Vale a pena assistir aos extras.

"This is not my family. You are not my Father. And the breath I take after I kill you will be the first breath of my life." ["Esta não é a minha família. Você não é o meu pai. O ar que eu respirar após te matar será o primeiro sopro da minha vida."- Raizo]



A edição alemã bolacha azul analisada, disponibilizada no mercado há pouco mais de um mês, veio dentro de uma marmita do tipo face dupla, ou seja a mesma estampagem azul fosca com a foto do Raizo nas duas faces da lata e de forma invertida[veja as fotos abaixo]. Em uma das faces há o maldito carimbo FSK [faixa etária recomendada] estampado, sem possibilidade de remoção. Há um protetor com o logo blu-ray e a ficha técnica. Internamente apresenta arte interna e o BD possui um belo grafismo também. E, o melhor: disponibiliza legenda Pt-Pt, sem traumas, mas sem áudio em nosso mavioso idioma.

A imagem desta edição azul não irá desapontar qualquer espectador doméstico ao reproduzí-lo em seu tocador de blu-ray. Imagens sem granularidades ou resquícios de filtros ou tratamentos especiais [DNR] neste transfer exemplar. Destaque para os pretos profundos e inúmeros tons de cinza, já que por se tratar de um filme de ninjas, grande parte da ação se passa em ambientação noturna com pouca luz. Cor de pele real e cores em geral corretas. Atentar para as chamas que pipocam em contraste no breu dos locais de luta. Belíssimas ! A palheta de cores é intencionalmente pobre, tudo muito escuro, mas por opção estética do diretor de fotografia, o alemão Karl Walter Lindenlaub [The Chronicles of Narnia: Prince Caspian, 2008].

Poster do Filme:


Diria que o áudio em DTS-HD MA 5.1 é ainda melhor ! É impressionante o som dos "shurikens" [estrelas ninja] voando muito próximo aos seus ouvidos. O sibilar das espadas violentas ["katanas"] e, principalmente a vibração das "kusarigamas" [espécie de foice atrelada a uma corrente], estrela absoluta do filme no que se refere às armas ninja. É mostrada no filme com maestria deixando em segundo plano outros apetrechos conhecidos como a variedade de lâminas ["kodachis", "wakizashis" e "naguinatas"]. O áudio é espetacular e não fará feio na sua sala. A distribuição de golpes pelas suas "surrounds", o despedaçar de paredes de madeiras, explosões, o fogo criptando, a batida do coração pulsante, tiros assustadores, a movimentação quase imperceptível do ninja. É de fazer chorar de alegria o seu Home Theater ! O responsável pela trilha sonora é Ilan Eshkeri [Stardust, 2007]. Diálogos claros e cristalinos. E ainda pontuam músicas como Heroes [David Bowie], Shazam! [Spiderbait] e The MC Remix [Ryuzo Mori].



Resumindo: uma bolacha azul em uma edição belíssima para colecionadores, filme com legendas em português, imagem & áudio de primeira, proposta de filme honesta, mas recomenda-se para os fanáticos pelo gênero de lutas marciais ! Muita diversão com Pipoca & Guaraná !

Avaliação:
. Estória: 3/5
. Imagem: 4/5
. Áudio: 4.5/5
. Edição: 4.5/5

Ficha Técnica: Ninja Assassin (Blu-ray) (Steelbook Limited Edition) (German Version)
. Vídeo
Video codec: VC-1
Video resolution: 1080p
Aspect ratio: 2.35:1
Original aspect ratio: 2.39:1
Data de Lançamento BD: 16.07.2010

. Áudio
Inglês: DTS-HD Master Audio 5.1 / Dolby Digital 2.0, Alemão, Italiano e Espanho: Dolby Digital 5.1

. Legendas:
Alemão, Dinamarquês, Cantonês, Holandês, Espanhol, Italiano, Coreano, Português, Norueguês, Sueco, Finlandês, Chinês; Alemão para Deficiente Auditivo, Inglês para Deficiente Auditivo, Italiano para Deficiente Auditivo
. Disco:
Capacidade: 25GB Blu-ray Disc (1 BD)
Região: ABC
Duração: 99 minutos

. Extras:
The Myth and Legend of Ninjas / The Extreme Sport of a Ninja / Training Rain / BD-Live features / Additional scenes

Fotos da Edição:









terça-feira, agosto 10, 2010

The Hurt Locker

Sugestão Azul: The Hurt Locker ! Agora em marmita azul !

Quem diria que o filme "Guerra ao Terror" fosse abocanhar seis Oscar em 2010 ? Melhor filme e melhor direção para Kathryn Bigelow ! Confira agora em uma edição azul super especial vinda da Coréia !



The Hurt Locker

Guerra ao Terror, 2010 [Summit Entertaiment]

"The rush of battle is often a potent and lethal addiction, for war is a drug." ["O frenesi da batalha é com frequência um vício poderoso e mortal. Em uma guerra é droga"]



Este filme é um fenômeno, de total desconhecido passou a ser a vedete em função do poder da festa do Oscar americano. Um feito de mídia, pois em terras brazucas nem chegou a passar nas grandes telas por ocasião do lançamento mundial ! Com os prêmios faturados pela até então "ex-senhora Jim Cameron", Kathryn Bigelow [K-19: The Widowmaker,2002], inclusive batendo o festejado e superproduzido Avatar [2009] do ex-maridão, passou a ser distribuído em DVD e agora em bolachas azuis ! Somente dez meses após o lançamento em DVD chegou pela a Imagem Filmes às telonas verde-amarelas como um verdadeiro caça níquel de ocasião [fev/2010]. Há acontecimentos que nos fazem bem, e o Guerra ao Terror [2008] tem os seus verdadeiros méritos. Certamente, se não fosse o centro da mídia, apenas um reduzido número de taradinhos privilegiados teria acesso a esta película.

"Everyone's a coward about something." ["Todo mundo é um covarde com relação à alguma coisa." - Sergento William James]



O enfoque do filme é inédito no gênero "guerra". Não há cenas de batalhas grandiosas, o inimigo não é um bando de japoneses suicidas, alemães frios e desalmados, vietcongues emboscados ou russos comedores de criancinhas, não há uma missão heróica. E, principalmente, não há julgamento moral ou bandidos e mocinhos ! Leia para comparação: Saving Private Ryan [2010, Steven Spielberg]. Há uma guerra ! Inacabada, prolongada, desoladora, com suas feridas abertas, mal cheirosas, a crueza de uma terra ocupada por vencedores e duramente combatidos por insurgentes. O Iraque é apenas um local distante. Poderia ser em um país africano, asiático ou sulamericano. É somente circunstancial.

Diria que tudo no filme é minimalista com um forte acento jornalístico, câmera nervosa e documental. O tema do filme é econômico, apenas três personagens principais, e nos coloca desde as cenas iniciais em uma Bagdá devastada, onde os soldados americanos são inseridos em locais empoeirados, um cenário quase pós apocalíptico [Veja The Book of Eli [2010, Albert e Allen Hughes]], menos impactante, mais real, principalmente quando observamos os habitantes locais tentando dar continuidade às suas vidas, ou melhor, reconstruir as suas vidas. A câmera nos revela o dia a dia de um esquadrão especial de elite com profissionais altamente treinados [EOD - "Explosive Ordnance Disposal"]para desarmar e detonar artefatos explosivos [IED - "Improvised Explosive Device"] plantados em lugares públicos por insurgentes objetivando unicamente o terror. O esquadrão faz uso, quando possível, de dispositivos com alta tecnologia embarcada [robôs com câmeras e sofisticados mecanismos de controle e telemetria operados por joystick], mas necessitam de intervenção direta, mesmo protegidos por trajes alinígenas espaciais, que nos fazem lembrar escafandros desajeitados e grotescos [tipo "juggernaut"]. A princípio, apesar da adrenalina inerente ao tipo de trabalho desta equipe, nada parece indicar que a estória a ser contada será envolvente, catártica e violenta. Violenta não só naquilo que qualquer guerra deixa aflorar no caráter humano, mas violenta, principalmente nos valores ideológicos em questão, as razões que a grande maioria local desconhece e o envolvimento emocional, acima de tudo a alternância entre o medo e o alívio, daí o vício, colocando à prova os nervos perante a explosão iminente.

"This box is full of stuff that almost killed me." ["Esta caixa está cheia de coisas que quase me mataram" - Sargento William James]



Este caleidoscópio de fortes emoções em uma montanha russa prestes a se desgovernar, lembra muito os vídeo games atuais, onde a adrenalina é injetada continuamente, fazendo da sobrevivência o seu prêmio maior ! Só que real, jogos mortais ! Em um ambiente hostil, onde as práticas religiosas e os costumes locais são inusitados ao ocidente, onde todos parecem suspeitos e possuem cara e jeito de terrorista [da mesma forma que nas guerras do pacífico, todos os japoneses eram iguais !], a aposta maior é vencer na habilidade, coragem e arrogância, o inimigo invisível, frustrando os seus atentados.



Este retrato é pintado de forma soberba pela diretora Bigelow mostrando uma segurança incomum em um filme de ação e de tema tão difícil. Autenticidade é a palavra mais adequada e que representa a preocupação maior da direção e produção. A presença arrebatadora do desconhecido Jeremy Renner [Take, 2007], uma revelação, é de ficar de pé e tirar o chapéu ! Incorpora o Sargento William James, recém agrupado à Companhia Bravo, em substituição ao finado Sargento Matt Thompson [Guy Pearce, Memento, 2000], na difícil arte de desarmar bombas [veja com atenção a vigorosa sequência inicial do filme, onde se deixa claro a complexidade e os riscos envolvidos]. Ao lado disso, tem que se integrar ao restante do time, o Sargento JT Sanborn [Anthony Mackie, Eagle Eye, 2008] e do SPC Owen Eldridge [Brian Geragthy, I Know Who Killed Me, 2007] mostrando as suas habilidades e o seu jeito pouco cauteloso beirando à total inconsequência e colocando todos em risco maior. Para estes dois últimos a meta é a sobrevivência até serem transferidos do Iraque finalizando a sua missão. Para William James é pura paixão por aquilo que sabe fazer de melhor !

Toda a trama se concentra nestes três personagens de características tão distintas e complementares. A escolha dos atores não poderia ter sido mais feliz. Sobra participações especiais para medalhões como Ralph Fiennes [The Reader, 2008], David Morse [Disturbia, 2007] e Evangeline Lilly [Lost, 2004-2010].



O roteiro de Mark Boal é intrigante e único, pois não está interessado em discutir a guerra em si, suas consequências, aflições, insanidades ou estupidez, se propõe a colocar a guerra como uma droga viciante, onde os envolvidos perdem qualquer perspectiva temporal, geográfica ou histórica, e como uma roleta russa, se dispõem a efetuar o seu trabalho com excitação e prazer. O próprio Boal participou da rotina de um esquadrão antibombas em 2004 como jornalista no Iraque. Daí a riqueza de detalhes e o nível de autenticidade na caracterização dos personagens. A abertura do filme, tensa, faz o espectador acompanhar o serviço dos especialistas como se estivesse tomando parte dele. A respiração ofegante, a adrenalina pulsando, o suor do rosto, o risco da explosão iminente.... tudo está lá ! E continua nesta tensão terrível até a última cena ! Filme direto, forte, sem concessões e sem reviravoltas espetaculares ou artifícios cinematográficos para iludir a platéia. O final surpreende pela simplicidade.



Algumas curiosidades sobre o filme: Avatar e Guerra ao Terror lideraram as indicações ao Oscar 2010, com nove. Avatar ganhou três, e Guerra ao Terror levou seis ! A maior dificuldade enfrentada pela produção foi a locação do filme na Jordânia, porta de entrada para o Iraque. Além de incorporar muitos refugiados iraquianos como figurantes, teve que lidar com o Ramadã e respeitar todos os rituais muçulmanos. Acidente nas filmagens penduraram o ator principal, Jeremy Renner, por vários dias até o tornozelo melhorar. Jim Cameron à respeito do filme disse que Guerra ao Terror tinha tudo de bom para ser o equivalente a Platoon [1986, Oliver Stone]. Como seu predecessor foi também agraciado com a estatueta de melhor filme.

"There's enough bang in there to blow us all to Jesus. If I'm gonna die, I want to die comfortable." ["Há uma quantidade suficiente de explosivos para nos fazer em pedacinhos e nos levar à Jesus. Se vou morrer, quero morrer confortável."- Sargento William James]


A bolacha azul analisada, lançada em 30.06.2010, veio dentro de uma marmita corena belíssima [veja as fotos abaixo], encontrável na YesAsia, em uma edição muito caprichada em um prateado/dourado fosco com belas fotos estampadas. Acompanha folheto com fotos e texto. Infelizmente não dispõe de áudio e legenda em português, mas pode ser encontrada nas lojas virtuais nacionais em nosso amado idioma.

Galera Azul, você pode discordar das bobagens escritas acima, das considerações feitas, e eventualmente pretensiosas, mas honestas, pode se indignar com a premiação recebida em detrimento ao aclamado Avatar, que o filme não é tudo isso, que o Oscar concedido foi um compromisso da indústria hollyoodiana, etc... Mas, a imagem & áudio estão muito bons ! Adequados à intenção e projeto da diretora/produtora. Basta comparar com a cópia das grandes telas, para quem teve a oportunidade de assistir. Pode-se acusar até uma granularidade excessiva e irritar os cinéfilos "lisinhos", mas as cores estão corretas, nada saturadas para um filme com apelo documental, muitos tons de terra e pastéis por toda a película. Mas são cores muito bem definidas ressaltando os detalhes das construções, a sujeira das ruas, a crueza dos habitantes, sendo inteiramente fiel aos materiais e tecidos de uma cidade destroçada. Sem dúvida alguma, o diretor de fotografia, Barry Ackroyd [Battle in Seattle, 2007], não tem o que reclamar do tratamento dispensado pela Summit Entertainment. Eu diria até mais, colocaria como próximo da referência de imagem no mundo azul !

Poster do Filme:


O áudio acompanha a imagem: DTS-HD MA 5.1 lossless ! É o total responsável pela tensão ininterrupta do filme. O bdista mais desprevenido ao assistir este filme deve prestar muita atenção ao clima causado pela trilha sonora de Marco Beltrami [Knowing, 2009]. Por ser recheado de ação, o seu Home Theater terá muito trabalho em reproduzir explosões, voos de helicópteros, blindados se movimentando, tiros dos mais variados calibres. Os diálogos são claros e parecem pertencer aos personagnes que compartilham o seu sofá. Ouve-se toda sorte de grunhidos, ruídos de motores, o ofegar dos personagens em loucas corridas, está tudo lá ! Certo e adequado ! Show de áudio ! Atmosférico !



Resumindo: uma bolacha azul para nenhum taradinho azul botar defeitos ! Recomendadíssimo e indispensável em sua BDteca ! Compra obrigatória !

Avaliação:
. Estória: 4.5/5
. Imagem: 4.5/5
. Áudio: 5/5
. Edição: 4.5/5

Ficha Técnica: The Hurt Locker (Blu-ray + DVD) (Steelbook Limited Edition) (Korea Version)
. Vídeo
Video codec: MPEG-4 AVC
Video resolution: 1080p
Aspect ratio: 1.78:1
Original aspect ratio: 1.85:1
Data de Lançamento BD: 30.06.2010

. Áudio
Inglês: DTS-HD Master Audio 5.1 / Dolby Digital 2.0

. Legendas:
Coreano, Inglês

. Disco:
Capacidade: 50GB Blu-ray Disc (1 BD + 1 DVD)
Região: ABC
Duração: 131 minutos

. Extras:
Audio Commentary with Director Kathryn Bigelow and Writer Mark Boal / The Hurt Locker: Behind the Scenes / Image Galery with Q&A Recorded at the Institute of Contemporary Art, London / Theatrical Trailer

Fotos da Edição: