sábado, março 14, 2015

Varanda Gourmet de um País Desencantado




Olá Rui, tudo certo ? 


Releio o email enviado a você em julho do ano passado e...

Às vésperas do que espero ser uma manifestação nacional em grande escala, pressinto no ar um clima de conflito civil em nosso tão amado país. A divisão, embora indesejada, se faz clara pelos motivos errados. A questão do impeachment é irrelevante neste momento histórico. Embora a insatisfação e irritação seja geral, o divisor de águas se encontra no agrupamento de pessoas pró-PT e no contra os "lulopetralhas". A intolerância e o ódio tem permeado esses dois grupos pela nítida polarização nas redes sociais, bem como nos meios de comunicação; um racismo ideológico associado às classes sociais e aos seus interesses em um turbilhão ascendente sem precedentes.

O resultado das eleições, apertadas, já mostravam esse estado vigente. Mas a crise econômica e política que se apresentou, agravado pelo cenário de corrupção generalizada e descrédito na classe política, nesse início de mandato, vem provocando reações exacerbadas de parte a parte.

A crise econômica é uma mera confirmação da incompetência administrativa e desvarios de uma esquerda ébria pelos oposicionistas da população. Os preços administrados represados e o câmbio irreal mostram os seus efeitos contundentes em uma economia combalida pela sua própria ineficiência e falta de competitividade, além da eterna ausência de qualificação profissional e infraestrutura. A inflação na casa dos 7,7%, o crédito caro de 12,75% - com perspectivas de alta na próxima reunião do COPOM - o dólar a R$ 3,26 são os sinais mais externos de um país doente.

Para os fãs de Dilma é a decepção e o desencanto ao constatar o reverso cruel da moeda divulgada em campanha eleitoral. Ao constatar os preços em alta no mercado, a redução de benefícios sociais, o risco da perda do emprego e o aumento das tarifas da energia e da gasolina, além do encolhimento dos investimentos nas áreas de infraestrutura e social, levanta a sua bandeira vermelha contra o pacote econômico do "infiltrado" Levy e abomina o panelaço das "varandas gourmet", delírio de burguês.

Na minha humilde opinião, poderia estar e ser pior !
Tecnicamente a equipe econômica vem adotando medidas ortodoxas com o reajuste fiscal para alcançar até o final do exercício 1,2% do PIB, meta que achei surreal, mas que apresentado o plano fiscal, apesar do sacrifício, parece factível. Tem contido os gastos do governo e erradicado o socorro público com a redução da desoneração da folha das empresas, revisão dos incentivos fiscais e demais benesses setoriais. É cruel e estamos pagando o preço pela incompetência administrativa de um mandato que poderia ser excluído da história do país.

Isso resulta na indignação vermelha.

Dilma poderia ter continuado com um Mantega genérico oriundo do país de Alice, especialista em pedaladas criativas e perniciosas. A exemplo do molusco em seu primeiro mandato, optou, de forma surpreendente, por um representante da escola de Chicago das frentes inimigas. Até então inimaginável ! Acho que nem o Aécio poderia imaginar com aquele sorrisinho irônico... Se os três porquinhos (Levy, Tombini e Barbosa) se manterão firmes no governo e com autonomia é a grande questão...

A crise política instaurada no Planalto é inusitada e deve-se em grande parte ao estado onírico permanente da "presidanta". Isolada, teimosa, arrogante e cheia de soberba não consegue sequer lidar com os seus pares, seja dentro do PT, seja com a base governista. O conflito interno tem se mostrado prejudicial à nação, exemplo claro é a devolução da MP 669 que trata da redução da desoneração da folha das empresas pelo presidente do Senado, Renan Calheiros, e a quase derrubada, pelo mesmo meliante, do veto presidencial para o fim da manutenção de subsídios no setor elétrico. E que com isso quase provocou a demissão do porquinho da Fazenda. A troca de chantagens e ameaças será uma constante no embate entre os elementos da mesma quadrilha, mas de facções distintas. 

Todos esses protagonistas são assombrados pelo grande molusco e suas ameaças, agora renovadas com as milícias do jagunço Stédile...

Ao fundo corre o cenário aterrorizador da Petrobrás e o câncer sistêmico da corrupção com personagens das mais sombrias histórias em quadrinhos (Sin City do Frank Miller). E a Eletrobrás ? E o BNDES ? E os fundos de previdência ? Dá medo. Medo também temos dos blecautes (industrial, comercial e doméstico) e de nos tornarmos franceses com a falta de água provocada pelo picolé de chuchu e os seus asseclas. Outra corja política...

"Fedidos & Fudidos" ! Daria um bom bloco carnavalesco....

A Dilma, agora com índice de popularidade de um único dígito, é o símbolo de um país atônito, indignado e raivoso. A ela converge a insatisfação de ambos os lados. Tirá-la, para o povo que não votou no PT, significa a consagração por uma mudança contra tudo o que está presente: corrupção, inflação, "tarifaço", dólar, "petrolão" etc Como se tudo de ruim fosse culpa da corja lulopetista. E não é !

Para os "petralhas" a sua saída é golpe da direita oportunista, terceiro turno contra as regras democráticas. Por outro lado é imperativo que a presidente se coadune ao projeto de poder perpétuo do partido propiciando a volta do seu mentor principal ao Palácio da Alvorada.

O PMDB sorri das cadeiras cativas do congresso.

E agora ? Com ela ou sem ela ?
Amanhã será um novo dia.

Vida Longa e Próspera !