sábado, setembro 25, 2010

Kick-Ass

Sugestão Azul: Quebrando Tudo com Kick-Ass ! Quadrinhos de Mark Millar agora em Edição Azul !

A garota Chloë Grace Moretz dá um verdadeiro show como Hit Girl neste filme delicioso, violento e divertido com heróis improváveis em um mundo muito mau ! Edição Enlatada da Rainha !




Kick-Ass

Quebrando Tudo, 2010 [Universal Pictures Home Entertainment]

"I can't read your mind. But I can kick your ass"["Não posso ler a sua mente. Mas posso chutar o seu traseiro"]

"With no power, comes no responsibility. Except, *that* wasn't true" ["Sem poderes, não há responsabilidade. Exceto, *isto* não é verdadeiro." - Dave Lizewski]



As Histórias em Quadrinhos [HQ] sempre foram uma inesgotável fonte de inspiração para as produções das grandes telas e seriados de TV. Algumas já se tornaram clássicas, como as franquias X-Men [Bryan Singer, 2000], Batman [Christopher Nolan, 2008] e Spider-man [Sam Raimi, 2002], outras revelaram aos não iniciados a genialidade de um Frank Miller em fantásticas histórias como Sin City [Robert Rodriguez, 2005] e 300 [Zack Snyder, 2006] e, infelizmente, tantas outras se transfiguraram em um verdadeiro desapontamento, deixando os fãs ensandecidos e raivosos como o mais recente The Spirit [Frank Miller, 2008].

Mark Millar e John Romita Jr. são os autores desta aventura levada às telas e agora distribuída em bolachas azuis para o nosso deleite particular de nossa salas. E o título é revelador do que estamos prestes a assistir: Kick-Ass, traduzido pelos imaginativos distribuidores verde-amarelo tupiniquim como Quebrando Tudo !

"Like most people my age, I just existed. " ["Como a maioria das pessoas da minha idade, eu simplesmente existia." - Dave Lizewski]



É uma feliz transposição do mundo HQ, a exemplo do mal compreendido Watchmen [Zack Snyder, 2009], e que tira enormes vantagens dos recursos cinematográficos ao fazer, sem qualquer esforço, referências aos filmes consagrados do imaginário POP, principalmente ao visual da trilogia do Homem-Aranha. Tudo funciona muito melhor em um mundo colorido, leve, que na proposta original do diretor e cinematógrafo tenta se aproximar ao máximo da nossa realidade comum e corriqueira. Não há nada espetacular como dobras do tempo, velocidades "warp", realidades paralelas, zumbis esfomeados ou alienígenas amistosos ou cruéis. Também não há qualquer compromisso com aspectos morais ou com a legalidade instituída por uma sociedade pudica. É um filme honesto e a sua proposta está explicitada no título. E nem poderia ser diferente, a platéia para a qual o filme foi endereçado inicialmente ficaria ressentida se não houvesse violência e palavrões em profusão. Certamente ficaria ofendida se encontrasse mulheres nuas, romances vampirescos ou tiradas cômicas e escatológias !

A linearidade da trama aliado ao dinamismo das cenas em movimento contribuem para um maior envolvimento e organicidade na reação dos espectadores. Claro que as linguagens são distintas e possuem os seus próprios recursos, assim como as obras literárias transpostas para o cinema. De qualquer forma, vale aquela máxima: leia o gibi, assista ao filme e ouça a trilha sonora !

Yeah, that's right! We're superheroes! You love us!" ["Yeah, tá certo ! Somos superheróis ! Vocês nos amam !" - Chris D'Amico]



O filme conta a história de um adolescente comum, Dave Lizewski, que "simplesmente existe" cercado de seus dois amigos Marty e Todd, levando uma vida de estudante aborrecida como qualquer um de sua idade. E ainda com os hormônios em contínua ebulição, principalmente quando esbarra na deliciosa Katie Deauxma [Lyndsy Fonseca, de Desperate Housewives, 2008-2009]. É obcecado por quadrinhos, viciado em prazeres solitários, e conectado na net, onde compartilha o seu mundo virtual nas redes sociais. Em um belo dia pergunta aos amigos, como se fosse um pensamento original e genial, o porque de todo mundo querer se parecer com Paris Hilton [eu não !] e não com um superherói bacanudo pronto a ajudar as pessoas e tornar o planeta um lugar mais seguro !?

"Se milhões querem ser Paris Hilton, com tantos fãs de quadrinhos por aí, por que ninguém quer ser o Homem-Aranha?"

A inocência, aliada a uma inspiração estúpida, leva Dave Lizewski a comprar uma ridícula roupa de mergulhador verde com detalhes em amarelo [não, ele não é brazilianista fanático !] e a se auto proclamar Kick-Ass ! Com a proposta de sair às ruas e combater pequenos marginais atuando como um verdadeiro e real vigilante. Sem poderes e sem qualquer treinamento Dave encontrará uma atmosfera completamente distinta das páginas coloridas quadrinizadas e com balões pipocando das bocas de seus personagens prediletos. A violência que se depara no mundo real é sentida através de verdadeiras surras e com a presença da Sra. Morte prestes a visitá-lo ! Em sua primeira investida é esfaqueado e atropelado indo parar no hospital com a horrível preocupação de não explicar as suas incríveis vestimentas ! As licenças tomadas pelo cineasta em relação aos quadrinhos, principalmente o final, tornam o encadeamento das cenas mais amarradas e fluidas para os amantes do "comic book" e para os simples mortais. Naturalmente espocaram críticas das alas mais shiitas dos ardorosos fãs de Millar & Romita Jr. !

"How do I get a hold of you?" ["Como encontro você?" - Dave Lizewski]
"You just contact the mayor's office. He has a special signal he shines in the sky; it's in the shape of a giant cock." ["Basta contatar o prefeito. Ele tem um sinal que brilha no céu, na forma de um grande peru" - Hit Girl]

Após a estréia mal sucedida no mundo do combate ao crime volta às ruas à noite, e desta feita se envolve em uma briga desigual com marginais ao tentar defender um pobre coitado. Para a sua sorte a briga é filmada por celulares curiosos e entusiasmados e colocadas na internet. Fama instantânea, admiradores por todo lugar, reconhecimento nacional ! Um verdadeiro fenômeno criado pelo mundo virtual !

Daí a se encontrar com os verdadeiros vigilantes mascarados, Hit Girl e o seu pai Big Daddy, e gângsters mafiosos liderados pelo vilão Frank D'Amico, tornando a sua vida muito mais heroica do que imaginava, é um pequeno pulo. Deste ponto em diante a vida comum e real que nos cerca é atirada ao longe. A transformação em sequências Tarantinescas de mascarados juvenis em coreografias inacreditáveis, com um arsenal que deixaria qualquer Neo e Trinity de boca aberta, e uma pancadaria e violência que faria o Ninja Assassino [Ninja Assassin, James McTeigue, 2009] voltar para a China !

"What's the difference between Spider-Man and Peter Parker? Spider-Man gets the girl." ["Qual é a diferença entre o Homem-Aranha e Peter Parker? O Homem-Aranha fica com a garota." - Dave Lizewski]



Escrever sobre Kick-Ass é falar principalmente das três principais figuras deste celebrado filme tão esperado pelos fãns dos quadrinhos: o escritor Mark Millar, o diretor Matthew Vaughn e a atriz mirim Chloë Moretz !

O escocês Mark Millar é figurinha carimbada no mundo dos quadrinhos, ganhador de inúmeros prêmios e reconhecido mundialmente como um dos mais criativos e surpreendentes autores de sua geração. Responsável pelo impulso dado aos X-Men, pelos recordes de venda das revistas do Spider-man, por trazer os Fantastic Four ao século XXI e fazer do Superman um comunista ! É autor da HQ mais vendida da indústria americana da última década, Civil War [Marvel]. No mundo azul é mais conhecido como autor dos quadrinhos que deram origem ao filmaço Wanted [Timur Bekmambetov, 2008] tendo Angelina Jolie encarnando a mortífera Fox e James McAvoy como o fracassado Wesley ! Em comum com Wanted, HQ autoral mais bem sucedido dos últimos dez anos, Kick-Ass foi vendido à indústria cinematográfica mesmo antes da primeira edição chegar às bancas ! Um feito notável neste universo fantástico, onde se encontram os mundos habitados por fanáticos: fanzines e adoradores da sétima arte ! Kick-Ass é o maior sucesso editorial de Millar ! E já está escrevendo a terceira sequência desta história. Provavelmente virá para as telas Kick-Ass 2...

O diretor inglês Matthew Vaughn não possui uma extensa filmografia, apenas Layer Cake [2004, com Daniel Craig] e Stardust [2007, com Claire Danes], mas é conhecido pela sua notória determinação e por não fazer concessões ao mundo hollywoodiano. Depois de tentar vender o filme Kick-Ass aos principais estúdios sem sucesso e percebendo que teria que ajustar este projeto ousado e violento aos padrões do cinemão, foi atrás de dinheiro independente e concebeu o filme, juntamente com a roteirista Jane Goldman [Stardust, 2007], na exata medida das suas idéias. Enquanto Mark Millar estava finalizando a história, Vaughn estava roteirizando e viabilizando a produção junto ao produtor Tarquin Pack. A interação entre a produção do filme e os autores Millar e o lendário John Romita Jr. fica muito clara nas mais de duas horas de extras que acompanham o filme.

A atriz Chloë Moretz [(500) Days of Summer, 2009], a jovem revelação de 12 anos como Hit Girl, é simplesmente encantadora ! A escolha certa depois de inúmeros testes para a personagem central do filme e a maior responsável pelo tremendo sucesso da película: mistura de meiguice e inocência com as habilidades mortíferas de uma assassina serial infantil ! Para compor Mandy / Hit Girl teve um extenso e exaustivo treinamento preparatório de mais de 4 meses com especialistas em artes marciais, balé e armas. O mais curioso é que com esta idade não estaria autorizada a assistir ao próprio Kick-Ass [censura de 15 anos no Reino Unido] e a outros filmes liberados pela mãe sempre presente, como a dupla de Kill Bills [Quentin Tarantino, 2003-04] ! Além da violência explícita do filme, os palavrões dos diálogos irônicos e irreverentes, seriam motivos suficientes para que ficasse de castigo até os 90 anos de idade, nos conta Chloë com uma simpatia envolvente. As cenas de ação foram feitas quase em sua totalidade pela talentosa atriz. As personagens Mindy e Hit Girl têm características antagônicas e são bem definidas durante as cenas do filme se complementando de forma magnífica pela jovem atriz. Por isso, a cena em que retira a máscara de Big Daddy e onde se vê a transformação psicológica de Hit Girl em Mindy MacCready é realmente comoventee um dos pontos altos do filme ! Ponho-me de pé e tiro o chapéu para a Hot Girl, Chloë Moretz ! Sem dúvida, uma grande promessa que merece ser seguida.

"I'll be honest, there wasn't a whole lot of crime-fighting in those first few weeks. But even so, my new vocation kept me plenty busy. I called it preparation. But if you called it fantasizing, it would've been hard to argue. All I knew was, I never felt so good about myself. " ["Vou ser honesto, não havia muita coisa de combate ao crime nas primeiras semanas. Mas mesmo assim, minha nova vocação me mantinha bem ocupado. Eu chamaria de preparação. Mas, se você quiser chamar de fantasiar, bem isso será difícil de contradizer. Tudo o que eu sabia era que eu nunca tinha me sentido tão bem com relação a mim mesmo." - Dave Lizewski]



Nicholas Cage [Ghost Rider, 2007], um apaixonado por quadrinhos foi facilmente cooptado para o elenco após ler o roteiro. Encarna um Big Daddy surpreendente, pois para o êxtase da equipe de filmagem, incluindo Matthew, desde as primeiras cenas incorporou os trejeitos e a entonação famosa de Adam West como o lendário Batman da série televisiva da década de 60. A fantasia de Big Daddy é a do famoso morcego, de forma estilizada, e o herói de Gothan City é citado em diversas ocasiões ao longo do filme. Uma grande homenagem, sem dúvida.

Já o heroi do filme, Kick-Ass/Dave Lizewski, o ator inglês Aaron Johnson [The Illusionist, 2006], teve que se preocupar com o sotaque americano, mas não precisou fazer qualquer treinamento para as cenas de ação, já que o seu personagem era para ser o mais desajeitado possível, próximo de um garoto normal. É interessante ver a transformação de Aaron ao por a máscara. Seus olhos são outros, há um encanto diferenciado neste jovem ator. E há um momento ímpar no filme quando encontra Red Mist e saem pelas ruas da cidade como adolescentes normais à procura de diversão em um potente Mustang.

"Playtime's over kid." ["A brincadeira acabou garota." - Frank D'Amico]
"I *never* "play"." ["Eu *nunca* brinco." - Hit Girl]



Do lado dos bandidos, Mark Strong [Sherlock Holmes, Guy Ritchie, 2009] está bastante à vontade como o mafioso todo poderoso Frank D'Amico. Em todas as cenas em que participa a cor laranja o acompanha. Seja no tampo da mesa do seu escritório "yuppie", seja na camisa social, nas gravatas... uma maneira interessante de caracterizar o personagem do mal. Já o seu filho, Red Mist encarnado pelo divertidíssimo ator Christopher Mintz-Plasse [o eterno McLovin de Superbad, 2007], que não tem absolutamente o tipo físico para fazer um super-heroi, mas se sai muito bem com uma caracterização que lembra um líder juvenil de banda de rock com cabelos espetados, malha de couro com detalhes em vermelho. Hilário ! Além, de possuir o mustang vermelhão super incrementado que qualquer heroi teen gostaria de exibir para a galera. O carro original foi customizado pelo Pimp My Ride, o programa da MTV. Matthew Vaughn nos conta que procurou todos os fabricantes de carros da Califórnia para ver se algum daria o carro para o filme e só levou negativas. Teve que comprar o carro e ainda mexeu no motor, sendo reconstruído totalmente. Christopher, ator americano, teve que aprender a dirigir o carro, dotado de câmbio manual. Ao dirigir o carro esteve sob constantes ameaças do diretor para que nada acontecesse ao veículo. Ao final, como se sabe, o mustang acabou ficando com Matthew para uso particular.

"If it wasn't for you, I'd be dead." ["Se não fosse por você, eu estaria morto" - Dave Lizewski]



Os extras deste filme são bem abrangentes e informativos mostrando as fases de produção com a participação, é claro, do diretor Matthew Vaughn, um chatão, diga-se de passagem, do produtor Tarquin que nos conta fatos interessantes e anedotas sobre o desenvolvimento das filmagens. É ótimo ver como os atores se divertiram e como a pós-produção com os efeitos visuais complementam aquilo que a turma dos efeitos especiais detonaram durante a tomada de cenas. Engloba também todo o processo criativo e de desenvolvimento [autoria, desenhos, linhas e coloração] de uma história em quadrinhos do porte de Kick-Ass com as verdadeiras estrelas deste mundo à parte.

Daniel Craig [Quantum of Solace, 2008] e Mark Wahlberg [Shooter, 2007] foram cogitados para o papel de Big Daddy antes de Nicolas Cage. Ainda bem que não foram escolhidos ! É curioso perceber que após o primeiro encontro entre Kick-Ass e Hit Girl, vemos Big Daddy no topo de um outro prédio embaixo de um enorme outdoor com a foto de Claudia Schiffer, esposa do diretor Vaughn. Depois de ser rejeitado por cada grande estúdio, Matthew Vaughn conseguiu o dinheiro para o filme durante um jantar com amigos e conhecidos e fez o filme de forma independente. Depois vendeu para a Universal por um valor muito maior do que originalmente pedido. A montagem do gibi que mostra a vida passada de Damon Macready foi ilustrada por nada menos do que John Romita Jr. Os créditos finais dão os nomes dos capangas de D'Amico, cinco deles têm os nomes curiosos de "Posh", "Scary", "Sporty", "Ginger", e "Baby", nomes das Spice Girls ! A fala de Big Daddy "Now go to Robin's revenge!" [Agora vá para a vingança de Robin!] é uma alusão a uma história em quadrinhos, onde Robin estava lutando com um mestre cego das artes marciais, que com as suas habilidades mantinham Robin longe de derrotá-lo. Robin então disparou um apito automático que o desnorteou completamente o seu primeiro sentido, conseguindo então derrotá-lo.

"I always wanted to say this. Say hello to my little friend!" ["Eu sempre quis dizer isso. Diga hello para o meu pequeno amigo!" - Huge Goon]

A edição enlatada veio da terra da Rainha e contém 3 discos [1 BD e 2 DVDs]. Legendas apenas em inglês [há opção de compra da marmita alemã com legendas Pt-Br !]. A edição é muito bonita com a frente toda em preto fosco com o título Kick-Ass em amarelo imitando letras em spray. Ressalva à crítica estampada, bem como do logo com a faixa etária permitida no Reino Unido. O verso, também em preto, apresenta a ficha técnica do filme com fotos do filme. Ao abrir a marmita, surpresa maior para deleite dos taradinhos azuis: uma linda arte interna com os personagens do filme de costas no alto de um edifício ! Um belo item, sem dúvida alguma, para figurar na estante do colecionador azul !

"So, you wanna play? Okay you cunts... Let's see what you can do now!" [Hit Girl]



A imagem desta bolacha azul vai agradar com certeza ! Cores firmes e vibrantes, não tão explosivas e saturadas como em Shoot'em Up [Michael Davis, 2007], mas com uma estética próxima a do colorista do gibi original. Tudo muito detalhado, nada ou pouca granulação, texturas, tecidos, cor de pele.... não haverá decepção em sua tela doméstica ! Uma coisa interessante a conferir, não sei se intencional ou não, é a pouca profundidade do preto no decorrer da película. Digo intencional, pois ao assistirmos os extras sobre a HQ, uma das demandas do John Romita Jr. é que não houvesse áreas negras ["solid black"], cumprida à risca pelo arte finalista e colorista da série. Cinematografia assinada por Ben Davis [Blown Apart, Sharon Maguire, 2008].

"Mindy, no more homework, Babydoll. Time for Frank D'Amico to go byebye." [Damon Macready]

Poster do Filme:


O áudio é um autêntico DTS-HD Master Audio 5.1 e é um verdadeiro show fazendo a sua sala tremer ! As cenas de ação são de tirar o fôlego.... experimente "sentir" o motor do mustang, a bazuca em suas caixas, tiros, facas sibilantes, esguichos vermelhos ! Tudo claro e alto ! E melhor, embalado por uma trilha sonora fantástica, escolhida a dedo pelo diretor Vaughn: The Prodigy, Primal Scream, The Little Ones, New York Dolls, The Dickies, The Pretty Reckless, Sparks, Ennio Morricone e Elvis Presley, entre outros. Tente identificá-las ! Subwoofer e surrounds rolam soltos...
Para assistir com volume bem alto !

Trailer do Filme


Entrevista com Chloë Moretz no Comic-Con


Resumindo: se pegar esta bolacha azul sem qualquer tipo de preconceito, sem dúvida passará duas horas entretido com imagem & áudio de qualidade, divertindo-se como um adolescente, que algum de nós já o esqueceu ! Recomendo ! E não esqueça de ler a história em quadrinhos de Millar e Romita Jr. ! Um desbunde !

Avaliação:
. Enredo: 4/5
. Imagem: 4/5
. Áudio: 4.5/5
. Extras: 4/5
. Edição: 4.5/5

Ficha Técnica: Steelbook Kick-Ass(Blu-ray) (3-Disc Special Edition) (British Version)
. Vídeo
Video codec: MPEG-4 AVC
Video resolution: 1080p
Aspect ratio: 2.39:1
Original aspect ratio: 2.40:1
Data de Lançamento BD: 06.09.2010

. Áudio
Inglês: DTS-HD Master Audio 5.1
. Legendas:
Inglês
. Disco:
Capacidade: 50GB Blu-ray Disc (1 BD, 2 DVDs)
Região: ABC
Duração: 117 minutos

. Extras:
- Feature Length Film with optional commentary by director Matthew Vaughn
- A New Kind of Super-Hero: The Making of Kick-Ass
. Pushing Boundaries / Let´s Shoot This F***er! / Tempting Fate / All Fired Up
- It´s On! The Comic Book Origin of Kick-Ass
- The Art of Kick-Ass
. Storyboards / Costumes / On-Set Photography / Production Design / John Romita Jr Art for the Film

Fotos da Edição:











quinta-feira, setembro 16, 2010

The Curious Case of Benjamin Button

Sugestão Azul: O Curioso Caso de Benjamin Button ! Conto de Fitzgerald com Pitt & Blanchett !

Contado em forma de diário, o filme faz uma reflexão sobre o envelhecimento e as oportunidades, situações e desencontros que caracterizam a vida de cada um. Elenco afiado, direção segura, com imagem & áudio caprichados em edição especial alemã com legendas Pt-Br !




The Curious Case of Benjamin Button

O Curioso Caso de Benjamin Button, 2008 [Warner Home Video]

"My name is Benjamin Button, and I was born under unusual circumstances. While everyone else was agin', I was gettin' younger... all alone" ["Meu nome é Benjamin Button, e nasci sob circunstâncias incomuns. Enquanto todo mundo envelhecia, eu ficava mais jovem..... e totalmente sozinho."]



Tendo como ponto de partida o conto de meras 25 páginas do grande escritor americano Francis Scott Fitzgerald [1896-1940], autor querido por obras imortais levadas às grandes telas como O Grande Gatsby [1925], Suave é a Noite [1934] e O Último Magnata [1941], o diretor David Fincher [Se7en, 1995] constrói uma obra de rara beleza, comovente e delicada. Abandona o tom cínico e mordaz, original do conto, que como um exercício inconsequente e despretencioso, enfatiza a mensagem de que a juventude não deveria ser concedida para que fosse desperdiçada pelos jovens.

No conto O Curioso Caso de Benjamin Button, extraído do livro Contos da Era do Jazz [1922], encontramos um Benjamin recém nascido com manias de velho ranzinza, falante e já expedindo ordens a um pai atônito e assustado no Maryland Private Hospital for Ladies and Gentlemen, onde o médico e as enfermeiras não puderam explicar o acontecido e se mostram totalmente constrangidos com a situação inédita. O primeiro diálogo entre pai e filho é simplesmente delicioso:

"Are you my father?" ["Você é meu pai ?" - Benjamin Button]
"Because if you are, I wish you'd get me out of this place--or, at least, get them to put a comfortable rocker in here," ["Porque se você for, gostaria que me tirasse daqui, ou pelo menos, pedisse a eles que colocassem aqui uma cadeira de balanço confortável" - Benjamin Button]

"Where in God's name did you come from ? Who are you ?" ["De onde, em nome de Deus, você veio ? Quem é você ?" - Roger Button]

"I can't tell you exactly who I am, because I've only been born a few hours--but my last name is certainly Button." ["Não posso lhe dizer exatamente quem eu seja, porque acabei de nascer há algumas horas, mas meu último nome certamente é Button." - Benjamin Button]



O escritor Eric Roth [The Insider,1999] preferiu cortar este início fascinante e desconcertante substituindo-o pelo desespero de um pai combalido [Jason Flemyng, Stardust, 2007] após presenciar a morte de sua esposa no pós trabalho de parto e que se vê ante o horror ao encontrar o seu rebento em um estado inusitado e incompreensível: nascido como se estivesse morrendo ! Andando desvairado pela noite da cidade de Nova Orleans, com os pensamentos mais sombrios abandona Benjamin nas escadas de uma instituição para idosos. Lá é acolhido pela bondade da cozinheira Queenie [Taraji P. Henson, Smokin' Aces, 2006], que à despeito da aparência repugnante do bebê, cheio de rugas ressecadas, ao invés de dobrinhas adoráveis, resolve adotá-lo. Estamos na noite do último dia da Primeira Guerra Mundial em 1918 com festejos pelas ruas e fogos de artifício iluminando os céus de uma população aliviada.

Life isn't measured in minutes, but in moments." ["A vida não é medida em minutos, mas em momentos"]



Desacreditado pelo médico e contra todas as possibilidades, Queenie se compadece do bebê senil, surdo, com cataratas e artrites, e o apresenta aos idosos que compartilham de sua generosidade. Aos poucos vemos Benjamin crescer e a se movimentar com auxílio de cadeira de rodas e, posteriormente, muletas. Vamos também nos acostumando a ver Brad Pitt envelhecido, resultado da magia de efeitos especiais e maquiagem carregada, que a princípio nos causa estranheza e que gradativamente vai nos cativando na figura do velhinho com mente infantil. Diferentemente do conto, no filme Benjamin, apesar da aparência de idoso, possui as maneiras e a mente infantil, desenvolvendo-se de forma antagônica entre o físico e o intelectual em uma dramática e criativa inversão cronológica natural. Esta liberdade autoral transforma a proposta original em mensagens distintas. No conto de Fitzgerald, Benjamin vai rejuvenescendo a cada dia que passa, assim como o seu intelecto e emoções. De qualquer forma, a grande discussão destas obras ímpares e entrelaçadas se resume à passagem do tempo, seja no sentido natural ou fictício, com as situações que deparamos, oportunidades vividas ou desperdiçadas, pessoas e sentimentos, que nos definem e se sobrepõem em uma espiral crescente até um ápice seguido da degradação contínua até o vazio total. O charme deste conto é o enfoque dado e a maneira que é narrada acentuando a jornada monumental que é a vida de qualquer ser humano, ainda mais no sentido reverso e impossível: de um recém nascido senil até a infância terminal !

"Your life is defined by its opportunities... even the ones you miss." ["Sua vida é definida pelas oportunidades... mesmo por aquelas que você perdeu." - Benjamin Button]



É inusitado ver Benjamin aprendendo a comer junto aos idosos do asilo, brincando com talheres e soldadinhos de chumbo, ao mesmo tempo que precocemente se familiariza de forma natural com a morte, já que seus convivas vão desaparecendo subitamente ou definhando com a passagem inexorável de um tempo cruel e apaziguador. O espírito infantil é delineado pela cena em que Benjamin de cadeira de rodas no pórtico da casa inveja as crianças brincando na rua. Fica tentado em descer as escadas rolando as rodas de sua cadeira, quando subitamente é trazido de volta por Queenie.

Neste ambiente protegido e seguro, onde vive enjaulado em seu mundo improvável, conhece Daisy em uma visita à sua avó. Daisy é uma garota viva de longos cabelos vermelhos e enormes olhos azuis que ao crescer se transfigurará na exuberante Cate Blanchett. Logo a amizade, e algo mais, toma conta deste estranho par que nos momentos quase extremos de suas existências são unidos pela curiosidade, descobertas e aventuras.

"You're so young." ["Você é tão jovem" - Daisy]
"Only on the outside" ["Somente por fora" - Benjamin Button]



Embora separados pelos acontecimentos ao longo de suas vidas, Benjamin e Daisy permanecem em contato, como se um velasse pela existência do outro através de encontros e desencontros, enquanto um rejuvenesce e a outra naturalmente envelhece. Esta conexão é viabilizada afetivamente quando ambos estão com mais de 40 anos de suas vidas entrecruzadas.

À medida que Benjamin vai rejuvenescendo, o escritor Eric Roth permeia a trama com as aventuras e desventuras do protagonista, a exemplo de seu outro aclamado filme, Forrest Gump [Robert Zemeckis, 1994]. A jornada incomum de Benjamin por locais e situações extraordinárias é narrada de forma cativante através de diálogos inteligentes entre os personagens que encontra, forçando-nos a refletir sobre a nossa própria jornada, sobre os aspectos da velhice, do passar do tempo, das realizações e oportunidades desperdiçadas, além das fatalidades que estão além de nosso controle. O primeiro beijo, a primeira noite, a primeira bebedeira, a descoberta do amor por uma mulher mais velha, o sentimento de liberdade, o receio pelo futuro.

A fábula cinematográfica equilibra momentos de aventura, drama e comicidade costurando uma sucessão de momentos históricos, tais como a Segunda Grande Guerra, o movimento beatnick e o furacão Katrina, onde se percebe o dedo seguro do diretor David Fincher [Fight Club, 1999]. Acostumado a conviver no mundo fantástico recheado de pesadelos em uma cinematografia de grandes filmes, entre os quais, Se7en [1995], Fight Club [1999], Panic Room [2002] e Zodiac [2007], os dois primeiros com o mesmo Brad Pitt, Fincher encontra a plena maturidade e equilíbrio nesta singela história de amor.

"It's a funny thing about comin' home. Looks the same, smells the same, feels the same. You'll realize what's changed is you." ["É uma coisa engraçada voltar para casa. Parece a mesma, tem o mesmo cheiro, a mesma sensação. Então percebe-se que o que mudou é você" - Benjamin Button]



Brad Pitt [Inglourious Basterds, 2009] e Cate Blanchett [Elizabeth: The Golden Age, 2007] fazem toda a diferença nesta filmagem levemente inspirada no conto original. E é difícil imaginar uma outra dupla de atores talentosos atuando de forma tão sutil, delicada e sensível. A exemplo de Tom Hanks [Saving Private Ryan, Steven Spielberg, 1998] como Forrest Gump, inigualável naquele papel. Brad Pitt vem se apresentando no decorrer de sua filmografia como um ator versátil e surpreendente, exibindo notória evolução e superando a beleza que causa suspiros na inteira população feminina deste planetóide. É convincente como Benjamin sendo capaz de sustentar as nuances de um papel difícil com o rejuvenescimento contínuo de seu personagem. Cate Blanchett está no patamar diferenciado das grandes atrizes de nosso tempo ! Em cada filme novo que leva o seu nome é garantia de uma grande atuação e de personagens inesquecíveis. O cuidado na construção do personagem, seja no plano físico ou emocional, as sutilezas de uma expressão corporal sofisticada e a naturalidade de suas representações, fazem toda a diferença. Quem consegue esquecer de personagens como Irina Spalko [Indiana Jones and the Kingdom of the Crystal Skull, 2008], Rainha Elizabeth [Elizabeth: The Golden Age, 2007] ou Katherine Hepburn [The Aviator, 2004] ! Isso sem falar da encantadora Galadriel [Lord of The Rings, 2001]. Ponho-me de pé e tiro o chapéu para a performance desta magistral atriz Cate Blanchett !

O excepcional elenco de apoio formado por Julia Ormond [Sabrina, 1995], Tilda Swinton [Burn After Reading, 2008], Jason Flemyng [Clash of the Titans, 2010], Taraji P. Henson [Talk to Me, 2007] e Jared Harris [From Within, 2008] garante o ritmo e o interesse pelas quase 3 horas de filme que passam imperceptíveis. Cada um dos seus personagens que cruza com a história da dupla de protagonistas mostra uma faceta diferente e complementa o belo mosaico de cenas magníficas embaladas por uma delicada trama musical.

"I wanna remember us just as we are now" ["Quero me lembrar de nós do jeito que somos agora" - Daisy]



Os extras deste filme são um capítulo à parte e uma verdadeira aula de cinema ! Um disco exclusivo com horas e horas para satisfazer qualquer alucinado azul com comentários do diretor, produtores, atores e de todas as áreas envolvidas neste grande projeto que durou quase 10 meses entre pré-produção, locacões e pós-produção. É obrigatório !

Por ter sido um projeto antigo, iniciado em 1987, cogitado em diversas oportunidades para ser levado às telonas, houve vários postulantes a direção [Frank Oz, Spielberg, Spike Jonze, Ron Howard], Benjamin [Jack Nicholson, Tom Cruise, John Travolta] e Daisy [Rachel Weisz]. Para se ter uma idéia, a adaptação para às telas, original de Robin Swicord [Memoirs of a Geisha, 2005] foi reescrita 7 vezes até ser roteirizada por Eric Roth ! O projeto se estendeu por tanto tempo devido a ausência de recursos tecnológicos para a realização das transformações da dupla protagonista durante a história. Somente a partir de 2005, já com Fincher e Roth encabeçando o projeto e com a produção de Frank Marshall e Kathleen Kennedy, o filme encontrou as condições adequadas para a sua realização.

As locações inicialmente estavam previstas para a cidade de Baltimore [original do conto], sendo transferidas para Nova Orleans devido aos incentivos fiscais. Foi o segundo filme, após Deja Vu [Denzel Washington, 2006], a ser rodado em Nova Orleans após a devastação do furacão Katrina. O musical representado por Daisy assistido por Benjamin é Carrousel composto por Richard Rodgers e Oscar Hammerstein II, coreografado por Agnes de Mille. Para os amantes da velocidade em duas rodas, a motocicleta azul prateada usada por Button é a inglesa Triumph T110 [650cc] de 1956. Brad Pitt já havia trabalhado com Cate Blanchett em Babel [Alejandro González Iñárritu, 2006], com Julia Ormond em Legends of the Fall [Edward Zwick, 1994] e com Tilda Swinton em Burn After Reading [Coen Brothers, 2008]. Pitt também contracenou com Jason Flemyng em Snatch [Mickey O'Neil, 2000].

"E passamos tanto tempo tentando nos manter ocupados o suficiente para não pensarmos em nossas vidas." [David Fincher]



Um aspecto muito interessante que aparece como marcas d'água no filme é o beija flor, única ave capaz de voar para trás, o relógio da estação de Monsieur Gateau no preâmbulo do filme [muito interessante a conexão, preste atenção !] e os furacões, como o devastador Katrina, que rodam no sentido antihorário ! Todos se relacionam com o rejuvenescimento de Benjamin Button !

Para aqueles que ficaram impressionados com os números de dança de Daisy, fiquem sabendo que as coreografias levadas com leveza e fluidez foram executadas pela própria Cate Blanchett, que juntamente com o coreógrafo, foram aprendidas e ensaiadas à exaustão.

Após assistir os extras, os 150 milhões de Obamas, orçamento absurdo, podem ser explicados através das dificuldades intrínsecas do projeto, bem como da complexidade da pós-produção com a filmagem de Brad Pitt para "encaixe" de suas expressões faciais nos diversos atores que encarnaram Benjamin. Uma perfeita e sofisticada dublagem de rosto ! Além disso, as vozes dos atores que interpretaram Benjamin e Daisy durante a infância e a velhice foram substituídas pelas vozes de Brad Pitt e Cate Blanchett que criaram entonações condizentes com a idade dos seus personagens. É impressionante ! Digno de nota é o bebê, versão animatronics, construído especialmente para o filme e que lembra Brad Pitt ["Como é parecido com Brad ! É... do pescoço para baixo !" David Fincher]. A crítica maior fica por conta dos extras não estarem em 1080p. Legendas Pt-Br !

"What if I told you that instead of gettin' older, I was gettin' younger than everybody else? " ["E se eu disser a você que ao invés de envelhercer, eu estava me tornando mais jovem do que qualquer outra pessoa ?" - Benjamin Button]



A edição especialíssima que contém Benjamin & Daisy veio da Alemanha e possui legendas Pt-Br para o delírio dos taradinhos azuis. Possui uma caixa de papelão duro com foto símbolo do filme em sua face e ficha técnica no verso em uma folha anexada. Ao abrir a caixa nos alegra uma embalagem Digipack com duas bolachas e belos grafismos referentes ao filme. Acompanha um livretinho com fotos e falas dos protagonistas em forma de um belo diário. Um item colecionável sem dúvida alguma para alegrar a estante de qualquer amante deste filmaço !

"And in the spring, 2003, he looked at me. And I knew, that he knew, who I was. And then he closed his eyes, as if to go to sleep. " ["E na primavera de 2003, ele olhou para mim. E eu soube, que ele sabia, quem eu era. E então fechou os seus olhos, como se fosse dormir" - Daisy]



Quanto à imagem do blu-ray: D-e-s-l-u-m-b-r-a-n-t-e ! Este é o exemplo maior do que os alucinados por bolachas azuis anseiam por ver em suas telonas domésticas ! Alta qualidade de imagem com definição insuspeita, além de um trabalho exemplar de fotografia creditado ao cinematógrafo Claudio Miranda [Failure to Launch, 2006] que alterna tons de sépia granulados para os flashbacks simulando documentários com cores firmes e realistas ao longo da trama, com destaque para as cenas noturnas, da narrativa em primeira pessoa de Button. A abertura com a chamada para o filme com um belíssima composição de botões formando o logo da Warner é inesquecível ! O detalhamento e a definição das texturas dos objetos e cenários vai impressionar os mais exigentes. Tudo parece muito real e palpável. Nota 10 ! Referência...

"We all end up in diapers. " ["Nós todos acabamos com fraldas." - Daisy]

Poster do Filme:


O áudio é puro e imperdível DTS-HD Master Audio 5.1 ! Após curtir o filme em toda a sua plenitude experimente "ouví-lo".... todas as sutilezas, ruídos, falas, sons naturais e provocados estão todos lá, claros, definidos, com as dimensões corretas, sem artificialismo. Há cenas que vão exigir do seu Home Theater alguma imponência, sobretudo do seu subwoofer e surrounds, como o áudio dos trovões que antecedem o furacão, o embate da embarcação do Capitão Mike durante o conflito mundial. Não é um filme de ação com perseguições estonteantes e explosões inimagináveis, mas é uma edição que fará muito bem aos ouvidos mais atentos. A trilha sonora transparente e envolvente é do competente Alexandre Desplat [Julie & Julia, 2009]. Reparem na música tema e nas delicadas tessituras de uma orquestra comportando-se como um sutil conjunto de câmera.

Trailler do Filme


Entrevista com Brad Pitt, Cate Blanchett & David Fincher


Resumindo: é um filmaço, embora longo, criativo nas soluções encontradas nos diferentes caminhos propostos pelo conto original de Fitzgerald, atuações intocáveis regidas por uma direção soberba ! Qualidade de áudio & vídeo espetaculares no quesito bolacha azul ! Edição caprichada de colecionador. Recomendadíssimo ! Para os mais taradinhos recomendo igualmente a leitura do conto original de Scott Fitzgerald.

Avaliação:
. Enredo: 4.5/5
. Imagem: 5/5
. Áudio: 5/5
. Extras: 4/5
. Edição: 4.5/5

Ficha Técnica: The Curious Case of Benjamin Button (Blu-ray) (2-Disc Special Edition) (German Version)
. Vídeo
Video codec: VC-1
Video resolution: 1080p
Aspect ratio: 2.39:1
Original aspect ratio: 2.39:1
Data de Lançamento BD: 29.05.2009

. Áudio
Inglês: Dolby TrueHD 5.1 / Alemão, Inglês, Espanhol, Italiano, Português, Tailandês, Turco: DD 5.1
. Legendas:
Alemão, Inglês, Espanhol, Dinamarquês, Finlandês, Cantonês, Coreano, Chinês, Holandês, Norueguês, Italiano, Turco, Indonesiano, Português, Sueco
. Disco:
Capacidade: 50GB Blu-ray Disc (2 BD)
Região: ABC
Duração: 166 minutos

. Extras:
Feature Length Film with optional commentary by director David Fincher Featurette: The Curious Birth of Benjamin Button:
. First Trimester: Preface / Development & Production / Tech Scouts / Storyboard Gallery / Art Direction Gallery
. Second Trimester: Production Part One / Production Part Two / Costum Design / Costum Gallery
. Third Trimester: Performances Capture / Visual Effects / Sound Design / Desplat's Instrumentarium
. Birth: Premiere / Production Gallery
Trailers
Extras: Galleries
On-Line

Fotos da Edição:

















terça-feira, setembro 07, 2010

Green Zone

Sugestão Azul: Green Zone ["Zona Verde"] ! Paul Greengrass e Matt Damon, dupla Bourne campeã, e a ocupação do Iraque !

O assunto é intrigante e por demais atual: a Guerra do Iraque e a ocupação americana ! Um filme instigante e revelador sobre as ações militares americanas em um solo desconhecido e mal compreendido ! E onde a verdade é, de todas, a maior ilusão !



Green Zone

Zona Verde, 2010 [Universal Pictures Home Entertainment]

"Your government wanted to hear the lie Mr. Miller... they wanted Saddam out and they did exactly what they had to do... this is why you are here... " ["O seu governo queria ouvir uma mentira Mr. Miller.... queriam o Saddam fora e fizeram exatamente o que tinham de fazer.... é por isso que você está aqui..." - General Al Rawi]



Matt Damon [Invictus, 2009, Clint Eastwood] e Paul Greengrass [United 93, 2006] após a parceria de grande sucesso em The Bourne Supremacy [2004] e The Bourne Ultimatum [2007] voltam a se reencontrar nesta produção de 2010. Green Zone foi completamente ignorado pela galera gringa redundando em uma bilheteria pífia mostrando mais uma vez que o tema, além de controverso, é rejeitado pelos norte americanos acostumados a se vangloriar de seus feitos bélicos ao longo das décadas através de filmes heróicos e envaidecedores. Os mocinhos estão com um equívoco histórico tremendo em suas mãos e um sentimento de culpa coletivo refletido em seus espelhos estrelados e listrados.

A Guerra do Iraque continua tão viva em nossas mentes por ter sido um conflito tão impactante e desproporcional, e com motivos tão mal explicados pela administração republicana Bush que nos trazem imediatamente um grande desconforto e uma quantidade absurda de pontos de interrogação. Barack Obama e a sua banda democrata atual seguem colhendo frutos amargos de um triste episódio sustentado por falsas alegações e objetivos, no mínimo, discutíveis. Certamente a temática é perturbadora e pelos eventos transmitidos mundialmente em clima de videoclipe ao som de bandas heavy metal nos fazem pensar com tristeza sobre a intolerância humana e a busca da supremacia pela força !

"Chief, our mission is here." ["Nossa missão é aqui." - Conway]
"You want to sit around dig holes all day, or get something done? ." ["Você quer passar o dia inteiro fazendo buracos por aí, ou fazer algo útil ?" - Miller]



Aliás todos se perguntam sobre as ações e reações insanas de um mundo incrédulo e apavorado ante a contínua ameaça terrorista, que destruiu as gêmeas mais famosas do planeta, e que nos assombra e nos lembra de sua existência através de notícias diárias, videogames e inúmeros filmes.

Quando assistimos pela televisão a retirada gradativa em agosto último das tropas de ocupação americana, prometidas por um outrora esfuziante Obama, sentimos uma frustração enorme ao ver o resultado diminuto de uma operação militar sem precedentes exibindo uma incompetência abundante e coletiva da inteligência americana na procura estapafúrdia por armas de destruição em massa [WMD - "weapons of mass destruction"].

Aspectos mercadológicos do maior negócio sob a face da terra são raramente mencionados, além dos fantasmas da guerra fria ressucitados sobre a égide do terrorismo [há sempre um temor maior que justifique ações truculentas de intervenção militar !]. Tudo isso muito bem misturado em um liquidificador étnico, cultural e religioso, tendo como resultado mais inconsequente: o desvairio militar.

"What happened to your leg?" ["O quê aconteceu com a sua perna ?" - Miller]
"My leg is in Iran. Since 1987. Me too, I fight for my country" ["Minha perna está no Irã. Desde 1987. Eu também luto por meu país" - Freddy]



É neste cenário geopolítico, econômico e militar é que conhecemos o oficial do exército americano de ocupação, Roy Miller [Matt Damon], e a sua equipe, especializada na procura e identificação de armas de destruição em massa. Estamos em 2003 e o local é Bagdá. A mesma Bagdá devastada, onde o Sargento William James e o seu esquadrão especial de elite estão desarmando e detonando artefatos explosivos [IED - "Improvised Explosive Device"] plantados por insurgentes no filme de Kathryn Bigelow [The Hurt Locker, 2008]. Aliás, Miller e James poderiam muito bem trocar as suas experiências em um "butecão" semidestruído de Bagdá ao final de um dia exaustivo !

Em pleno deserto iraquiano, tudo o que presenciamos ao acompanhar Roy Miller é o sol escaldante, a poeira seca, os restos de uma cidade encardida, onde os seus habitantes não disfarçam o ódio à presença estrangeira, tão estranha e ignorante aos seus costumes, crenças e tradições. Do outro lado, o mesmo sentimento dos soldados do esquadrão de Miller são enumerados pelo grupo de elite de James, ou seja, cumprem uma missão designada, são operários anônimos de uma operação incompreendida, cujos objetivos já se perderam há muito tempo em um labirinto político militar. É um trabalho ["job"] a ser feito antes de voltar para a casa.

"At least tell me how it happened. How does this happ... how does someone like you write something that's not true? Tell me." ["Ao menos me diga como isso aconteceu. Como isto acontece... como alguém como você escreve algo que não é verdade ?" - Miller]



Roy Miller em sua total ingenuidade se degladia com o Clark Poundstone [Greg Kinnear, Little Miss Sunshine, 2006], um burocrata da unidade especial de inteligência do Pentágono ["Special Intelligence Unit"], após infrutíferas buscas a armazéns e supostos locais fornecidos pela inteligência, onde supostamente estariam as perseguidas armas químicas e biológicas. Encontra Martin Brown [Brendan Gleeson, Beowulf, 2007], veterano agente da CIA com base no Oriente Médio, que desconfia das informações repassadas. Todo jogo de mídia às populações distantes e crentes é fornecido pela correspondente do Wall Street Journal, Lawrie Dayne [Amy Ryan, Changeling, 2008], fornecendo as justificativas oficiais para o conflito e ocupação. Após um sucessivo desencadear de eventos políticos suportados por ações militares, onde identificar mocinhos e bandidos é o que menos importa, Roy Miller se envolve em uma conspiração complexa [todas são !] de onde dificilmente sairá vivo. Terá que ser astuto o suficiente para descobrir os responsáveis e os objetivos reais por trás desta história.

Green Zone é um filme inspirado no livro Imperial Life in the Emerald City escrito em 2006 por Rajiv Chandrasekaran. Este livro documenta os preparativos para a invasão do Iraque em 2003 e a sua imediata ocupação. Enumera os principais personagens por trás dos bastidores políticos, bem como os seus papéis perante à mídia mundial. Detalha a briga pelo poder entre o Departamento de Estado americano e o Pentágono, as escolhas pessoais movidas por dinheiro, falso ideologismo, mentiras, contratos ilícitos e posições políticas contracenando com os efeitos sobre a população local. O que foi acrescentado pela dupla Paul Greengrass e o escritor Brian Helgeland [Mystic River, 2003] foi a procura por armas de destruição em massa, foco principal do filme.



Este pequeno detalhe faz uma diferença enorme no desenrolar da trama, tornando-a mais ambiciosa e instigante, pois a exemplo do protagonista, fomos usados em uma estratégia econômica militar acreditando nas tais armas demoníacas, onde o seu garoto propaganda Saddam Husseim foi o "queridinho" da mídia. Lembre-se que a suposta existência das armas de destruição em massa em território iraquiano foi o único argumento escancarado mundialmente legitimando a invasão da coalização americana / britânica. O filme não busca explicações do argumento doutrinário de "atacar antes de ser atacado", mas aponta na direção mostrada com convicção por especialistas em segurança nacional na inexistência das armas do Armagedão e na falácia pouco efetiva do Sr. Saddam.



A trama é por demais rocambolesca para ser real, mas serve de exemplo para os descaminhos exercidos oficialmente através da imprensa, sempre objetivando a tornar os leitores cúmplices e apoiadores das ações efetivadas ou em curso. Conspirações exageradas e envolvimentos pessoais travestidos do bem e do mal são caricatos. São motivados apenas para o preenchimento de suas lacunas com muita ação onde o diretor lança mão de um repertório já conhecido. O que é bastante natural e compreensível por se tratar de um filme de ação e guerra e não de um documentário.

[to Chief Warrant Officer Roy Miller] "It is not for you to decide what happens here" [para o oficial Miller - "Não é para você decidir o que acontece aqui." - Freddy]



A direção de Paul Greengrass é muito competente e nos traz uma produção de sequências notáveis, fruto de suas experiências anteriores em filmes de ação espetaculares. Passa a mensagem original com habilidade e brutalidade, mostrando de maneira crua e desvelada as agruras de um local subjugado por soldados que não gostariam de estar onde estão. A câmera nervosa carregada nos ombros [já utilizada nos filmes Bourne e em District 9, Neill Blomkamp, 2009] por entre as ruas de Bagdá proporcionando cenas frenéticas podem causar certo desconforto aos desavisados, mas combina perfeitamente com a estética granulada de Barry Ackroyd [Battle in Seattle, 2007] lembrando documentários. Matt Damon faz o que se espera dele. É correto em sua atuação, mas nada espetacular ou inesquecível. O filme não deixa muito espaço para uma interpretação grandiosa ou cenas dramáticas, mas o seu personagem é crível e consistente. Greg Kinnear, Brendan Gleeson e Amy Ryan contribuem para a trama.



Através dos extras e dos comentários de Greengrass e Damon ficamos sabendo de algumas curiosidades sobre o filme: a maior parte dos soldados da unidade especialista na busca de armas de destruição em massa [WMD], onde Matt Damon era o oficial, não eram atores e sim veteranos das Guerras do Iraque e do Afeganistão. Para Damon foi mais um desafio ao dar ordens como ator a soldados de verdade. As cenas com os helicópteros Black Hawk foram filmadas usando Hueys, depois foram substituídos digitalmente. Todas as tomadas das ruas de Bagdá foram filmadas no Marrocos. O ator responsável por dar vida ao Gen. Al Rawi [Yigal Naor] interpretou Saddam Husseim em uma série televisiva [House of Saddam, 2008]. Naor é ator israelense com ascendência iraquiana judia. O diretor Greengrass começou a carreira filmando documentários.

O termo militar Green Zone se refere à uma zona internacional do Iraque, com cerca de 10 quilômetros quadrados na área central de Bagdá incluindo o palácio de Saddam, onde se montou um centro da Autoridade Provisória da Coligação. É um oásis no meio do caos da cidade ocupada. O filme The Hurt Locker também exibe a mesma área na mesma Bagdá.

"A source has confirmed that chemical and biological weapons are stored at a facility in Al Mansour District." ["Uma fonte confirmou que armas biológicas e químicas estão armazenadas em uma instalação no bairro Al Mansour"]



A marmita que contém Green Zone veio da Alemanha e possui legendas Pt-Pt para a alegria dos entusiastas azuis. A edição é muito bonita com estampa frontal com a foto do oficial Roy Miller e o título em baixo relevo. O selo FSK [faixa etária] é removível e não há qualquer logo ou indicação de blu-ray. A chamada comercial é discreta e não compromete a edição. O verso da lata possui a ficha técnica, o que sempre é uma pena nestes casos, pois é preferível uma foto original sem qualquer inscrição. Ao abrirmos a marmita azul encontramos uma única bolacha com estampa da mesma foto da frente da lata. Em ambas as faces somos agraciados com foto do filme. Um belo item para qualquer prateleira de colecionáveis !

"I thought we were all on the same side ?" ["Pensei que estivéssemos do mesmo lado ?" - Miller]
"Don't be naïve..." ["Não seja ingênuo..." - Martin Brown]



A imagem deste blu-ray é muito boa, mas não deve agradar aos "caçadores de grãos azuis" ! A estética granulada é inteiramente intencional e está de acordo com a proposta do diretor Greengrass e do cinematógrafo Barry Ackroyd, o mesmo do oscarizado The Hurt Locker ! As duas películas neste aspecto têm muito em comum, além da temática de guerra, suposta mesma Bagdá, câmera na mão e efeitos de documentário. Variação de tom de terra em profusão, cores pastéis lavadas acentuando ainda mais o clima desértico e hostil de Bagdá pós-ocupada com muita poeira, areia e secura. Níveis baixos de contraste e cores de pouco impacto. Contraste total com Shoot'em Up !

Poster do Filme:


Uau ! O áudio é para sacudir qualquer espectador atento ou desavisado ! Desde as primeiras cenas do filme você percebe que está ouvindo DTS-HD Master Audio 5.1 em ação. Perseguições, explosões, helicópteros, morteiros e granadas, estampidos de balas de todos os calibres imaginados..... distribuídos por todas as caixas de seu Home Theater ! Diálogos nem sempre claros, mas com gritos que repassam toda a tensão requerida pelo diretor e uma trilha sonora discreta de John Powell [Hancock, 2008], mas responsável pela atmosfera sufocante ao longo do filme.

Trailler do Filme Green Zone


Entrevista com Matt Damon


Resumindo: é um filme de guerra com muita ação em uma bolacha azul de alta qualidade ! Além disso, a trama poderá mexer com os seus neurônios cinzentos fazendo-o questionar ações governamentais em um mundo global total ! Ou não...

Avaliação:
. Estória: 3,5/5
. Imagem: 4/5
. Áudio: 5/5
. Extras: 4/5
. Edição: 4.5/5

Ficha Técnica: Green Zone(Blu-ray) (Steelbook Limited Edition) (German Version)
. Vídeo
Video codec: VC-1
Video resolution: 1080p
Aspect ratio: 2.40:1
Original aspect ratio: 2.39:1
Data de Lançamento BD: 29.07.2010

. Áudio
Inglês: DTS-HD MA 5.1 / Alemão: DTS 5.1 / Espanhol: DTS 5.1
. Legendas:
Alemão, Inglês, Espanhol, Dinamarquês, Finlandês, Cantonês, Coreano, Chinês, Holandês, Norueguês, Português, Sueco
. Disco:
Capacidade: 50GB Blu-ray Disc (1 BD)
Região: ABC
Duração: 115 minutos

. Extras:
Deleted scenes - Play with Video Commentary by Director Paul Greengrass and Matt Damon / Deleted scenes - Play without Video Commentary / Matt Damon: Ready for Action / Inside the Green Zone / Feature commentary with Director Paul Greengrass and Matt Damon / My Scenes / D-BOX / U-Control - Video Commentary with Director Paul Greengrass and Matt Damon / U-Control - Picture in Picture

Fotos da Edição: